Agamben 
e a indiferença

Agamben 
e a indiferença
Giorgio Agamben (Arte Revista Cult / Foto Christina Bocayuva)
  Se o século passado pertenceu aos filósofos da diferença, então o atual deve ser entregue aos provedores da indiferença filosófica, dentre os quais um nome um se destaca: Giorgio Agamben. O que é a indiferença filosófica? A definição padrão do termo no dicionário, que significa não se importar de modo algum, encontra eco na primeira época da indiferença filosófica, estendendo-se do Estoicismo ao ataque de Kant ao indiferentismo filosófico nas páginas de abertura da primeira Crítica. Trata-se da inabilidade de tomar uma decisão filosófica única, sempre verdadeira, em favor de uma posição ou ação em detrimento de outra. O indiferentismo ocorre especialmente quando, como é sempre o caso segundo Agamben, as duas posições em relação às quais o sujeito não se importa ocupam, de um lado, o único, comum, fundador, unificado, e de outro o múltiplo, próprio, atualizado, vário. Assim, em certo sentido, desde os gregos, a filosofia tem sido uma disputa acerca da prevalência da indiferença: não podemos eleger entre a filosofia da unidade e aquela da multiplicidade. E o pensamento moderno funda-se no desenvolvimento da filosofia crítica de Kant que buscou resolver a indiferença entre as filosofias do Um (idealismo) e aquelas do Muitos (Empirismo). O segundo sentido filosófico da indiferença, primeiro desenvolvido por Hegel, é a pura diferença em si ou diferença abstrata independente de quaisquer qualidades mantidas pelas duas identidades sendo diferenciadas. Representa-se o conceito mais precisamente pela notação formal A≠ B.

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