A rua é nóix

A rua é nóix
Baile funk em favela carioca (Foto: Ben Piven)
  Vai, Marcinho, tá no ponto? Liberta DJ! A rua é nóix! Sempre com letra minúscula, porque não é o Nós da totalidade, uma vez que não sabemos exatamente quem ou quantos somos, quem faz parte ou não, quem está dentro ou fora. Mas, se pegar para um, vai pegar para geral. Longe do narcisismo do Eu, heranças cartesianas difíceis de abandonar, o nóix é sempre mais que um. Mesmo sozinho, na missão, existe algo para além da presença física do eu e do outro. Assumindo nossas ancestralidades, convivemos com os espíritos daqueles que já se foram, mas que vivem entre nóix: Cut Vive. Mas joga o braço e puxa a mão, joga a perna e puxa o pé, vários problemas nos rodeiam. Lidando com vacilações dogmáticas, nóix seguimos contrariando as estatísticas, esperando os 5 minutinhos de alegria. O nóix opera pela lógica dos bondes de galera, do lado A ou lado B. Quem é amigo fecha com a gente, quem é alemão rala. Porque o fechamento é o fundamento ético das ruas. Recebe-se quem chega de boa, na paz, mas, se vacila, vai. Com i e x, o nóix demarca um sotaque, um registro local, um lugar, o pretuguês de Lélia Gonzalez. Desobedecendo à instituída norma culta, o nóix – escrito ou falado – revela sua potência operando à margem da obediência à linguagem fonética dominante. O nóix é a potência da contaminação diferencial das diversidades de um povo em tempos e espaços múltiplos, que se repete numa atmosfera espectral que ultrapassa a lógica temporal predominante: tudo nosso, nada deles. O nóix traz no corpo heranças africanas e indí

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