À moda de Bourdin

À moda de Bourdin

Marília Kodic

Numa mistura entre fotografia e arte contemporânea, suas imagens parecem vindas de um mundo fabuloso, surreal, absurdo. O francês Guy Bourdin (1928-1991), que trabalhou durante mais de três décadas na Vogue francesa, além de ter colaborado para a edição britânica da revista e para a Harper’s Bazaar e clicado campanhas de grifes como Chanel e Versace, ganha retrospectiva no Brasil.

Imagens, filmes e editoriais em movimento produzidos pelo artista entre 1950 e o início dos anos 1990 estarão expostos na mostra Retrospective Guy Bourdin 2011, entre 13 de maio e 10 de junho, no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS), em Porto Alegre.

A seguir, confira a entrevista que o filho do artista, Samuel Bourdin, que estará no Brasil para a abertura da mostra, concedeu à CULT.

Novos livros e mostras sobre o trabalho do seu pai continuam a surgir mundo afora 20 anos após sua morte. Você acredita que o trabalho dele sempre irá gerar interesse público?

Samuel Bourdin: Acho que a qualidade e a relevância do trabalho do meu pai só provam o fato de que seu trabalho era inovador. Sua visão era atemporal. Portanto, seu trabalho tem relevância para além do contexto de onde e quando as fotos foram tiradas. O mercado de arte ainda não percebeu sua importância criativa. Seu trabalho era sua vida. Sem compromisso e com paixão total.

Como era seu processo criativo, o que o inspirava?

Ele nunca parou de investigar. Ao ler, andar, ouvir música, estudar antigos mestres da pintura…

Alguns dizem que seu pai tinha uma reputação de ter temperamento difícil e estar constantemente frustrado. Você concorda?

Meu pai era um perfeccionista. Exigente consigo mesmo, com seus assistentes e seus modelos. Acho que ele deve ter tido razão porque, caso contrário, não estaríamos olhando suas fotografias profissionais ou escrevendo sobre ele. Ele também era extremamente generoso e muitas vezes as sessões de fotos acabariam com champagne na delicatessen judaica local, a Goldenberg, na esquina. Trabalho era prazer. Divertido. Intenso. Tudo tem a ver com a paixão. A maioria das pessoas que trabalhou com meu pai é até hoje grata pela chance que teve de realmente compartilhar de uma visão e fazer acontecer. Para ele, trabalho não tinha a ver com status, dinheiro ou ego.

A relação entre vocês também era assim?

Ele me amava. Eu era a única pessoa que podia dizer a ele para ir com calma com algum assistente assoberbado. Alguns deles são gratos a mim até hoje. Além disso, diferentes culturas e personagens têm diferentes temperamentos. Acho que italianos e franceses têm temperamento mais difícil do que os ingleses. É apenas uma maneira de se comunicar. Depois da tempestade, é como se nada tivesse acontecido. Acho que se você ler sobre cineastas e como eles se comportam no set de filmagem, você verá que alguns são muito dóceis e outros muito tensos… é tudo questão de personalidade.

Retrospective Guy Bourdin 2011

Onde: MAC – RS, Casa de Cultura Mario Quintana – Rua dos Andradas, 736, 6° andar
Quando: de 13 de maio a 10 de junho, segunda-feira das 14h às 21h, terça a sexta-feira das 9h às 21h, sábados, domingos e feriados das 12h às 21h
Quanto: entrada franca
Info.: (51) 3221-5900, www.ccmq.com.br

Deixe o seu comentário

Artigos Relacionados

TV Cult