A experiência a contrapelo

A experiência a contrapelo
O poeta Joãpo Bandeira (Foto Ninil Goncalves / Reprodução)
  Há muito tempo o poeta João Bandeira não dava as caras. Seu ultimo livro, Rente, foi publicado em 1997. De lá para cá, seu nome apareceu em outras obras, em obras dos outros, como nos 40 escritos, de Arnaldo Antunes, que Bandeira organizou e prefaciou; ou na organização dos volumes Documentos – arte concreta paulista e Grupo Noigandres, sobre a famosa revista dos poetas concretos de São Paulo; ou ainda em textos escritos para catálogos de exposições, já que vem exercendo há anos o papel de curador no Centro Universitário Maria Antonia. E os poemas? Seria Bandeira um “poeta bissexto”, categoria que rendeu uma antologia do outro Bandeira, o Manuel? Segundo ele, bissexto é “todo poeta que só entra em estado de graça de raro em raro”. Ou, como dizia Vinicius de Moraes, citado pelo próprio Manuel, “bissexto pela escassez de sua produção, cuja excelência sem embaraço os coloca lado a lado dos mais citados”. Até mesmo pelos temas, reduzidos – outra característica do bissexto –, João Bandeira poderia ser enquadrado nesta categoria. Mas, vale a ressalva, o poeta não se concentra apenas no “tema da vida besta”, nem faz poesia “quando se embeiça por uma mulher que não pode ser dele”. Com toda uma bagagem que passa pela poesia concreta e pelas artes visuais, além de uma admiração pelo humor do catalão Joan Brossa, João Bandeira tem na forma poética o seu centro de interesse, como já se via claramente em Rente e que se pode perceber agora, em seu novo livro, Quem quando queira, que acaba de ser publicado pela Cosac

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