A educação dos poetas

A educação dos poetas
A educação pelos cinco sentidos, de Haroldo de Campos (Arte Revista Cult / Divulgação)
  Muito aconteceu no Brasil do ano de 1985: Tancredo Neves foi eleito presidente e morreu sem tomar posse; o Congresso Nacional aprovou a emenda constitucional que estabelecia eleições diretas para presidente; AC/DC, Ozzy Osbourne e Queen se apresentaram para milhões de pessoas na primeira edição do Rock in Rio. No entanto, foram palavras que marcaram o poeta Claudio Daniel, então com 23 anos. Palavras compondo versos como “poesia/ fêmea contraditória/ te detestam/ multifária/ mais putifária que a mulher de/ putifar/ mais ofélia/ que hímen de donzela/ na antessala da loucura de hamlet”. Palavras escritas pelo poeta Haroldo de Campos no poema “Ode (explícita) em defesa da poesia no dia de São Lukács”, parte do livro A educação dos cinco sentidos. “Esse livro me encantou não apenas pela beleza dos poemas – é o meu livro favorito de Haroldo de Campos – mas também pelo seu projeto teórico, radicado nas ideias de agoridade, do pós-utópico e da pluralidade de poéticas possíveis”, conta Claudio, que afirma que sua primeira escrita poética foi fortemente influenciada pela obra de Campos. Mais novo que Claudio, o poeta e professor de literatura da UNIRIO, Manoel Ricardo Lima, só leu o livro em 1990, quando tinha 20 anos de idade e estudava filosofia e letras em Fortaleza, Ceará. “Fiquei muito feliz ao ler e ter o livro para ler mais vezes. Havia uma compensação nesse impasse, que é o da alegria. Algo que hoje, me parece, desapareceu dessa relação entre o livro de poemas e aquele que o lê. Lembro que éramos ali uma pequena

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