A coroação do anti-subjetivismo
O filósofo, ensaísta, crítico literário, tradutor e sociólogo alemão Walter Benjamin (Reprodução)
Walter Benjamin tem sido identificado como um “pensador de imagens”, aquele que pensa e expõe seu pensamento por meio de imagens. Algumas formuladas por ele tornaram-se recursos explicativos e foram freqüentemente repetidas, como, por exemplo, o famoso “escovar a história a contrapelo” entre as mais citadas ou seus “anjos” que inspiram, por vezes, apressadas descrições e inúmeras outras. Um de seus escritos expõe claramente essa característica no próprio título: “Imagens do pensamento” (Denkbilder).
Benjamin costumava também emprestar imagens de outros autores, filósofos e escritores, transformando-as, como fez com as palavras de Nietzsche sobre Heráclito, ao descrever o “ermitão efésio” como “um astro sem atmosfera”. O pensador alemão repete essa metáfora da solidão e incompreensão de uma época em relação a seu filósofo ou poeta, na conclusão de seu conhecido ensaio “Sobre alguns temas em Baudelaire”, ao dizer que a poesia de Baudelaire “brilha no céu do Segundo Império, como ‘um astro sem atmosfera’”. Mais do que empréstimos esparsos ou de uma estratégia intertextual de escrita, Benjamin concebeu uma teoria crítica da citação, embora não a tenha desenvolvido por completo. Desenvolveu, porém, a prática desse tipo de exposição, na qual se nota, como uma de suas finalidades, a interrupção proposital de um texto em sua linearidade ou continuidade, pretendendo, com isso, despertar no leitor o distanciamento reflexivo e não a empatia ou simpatia “autocolante” às idéias do autor.
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