A bossa de Bebel
A cantora Bebel Gilberto (Foto: Divulgação)
Depois de Tanto Tempo as coisas nunca mais foram iguais para Bebel Gilberto. O disco – um dos marcos da bossa eletrônica – recebeu críticas boas e atenção sem fim. De lá para cá, a cantora lançou mais cinco CDs, sendo este último, All in One, recém saído do forno. E, apesar de morar em Nova York há quase vinte anos e ser uma cidadã do mundo, Bebel escolheu São Paulo para apresentar o show de lançamento do álbum.
A cantora confessou ao site da CULT que se sente mais cobrada pelo público brasileiro: “Acho totalmente natural, por eu não me apresentar com tanta frequência aqui. Além disso, o público tem aquele olho de comparação, ainda mais tendo um pai como eu tenho e uma mãe como eu tenho”.
Filha de João Gilberto, que “apesar dele não ir tanto ver meus shows como qualquer pai faria” é uma de suas influências, e de Miúcha, Bebel começou a carreira em 1977 cantando no coro do disco infantil Os Saltimbancos, de Chico Buarque. Aos 44 anos, Bebel diz que busca se inspirar em tudo que vive e vê para compor, mas confessa que não costuma frequentar eventos culturais na capital paulista. “Sou uma pessoa espontânea e não tenho tempo para fazer muito turismo cultural”, diz a artista. Confira a entrevista concedida ao site da CULT.
CULT – O produtor da faixa “The Real Thing” foi Mark Ronson, queridinho de cantoras como Amy Winehouse e Lily Allen. Por que você o escolheu
BEBEL – Porque o adoro, gosto do trabalho dele. Quase não deu para fazer o trabalho, ele entrou nas últimas; então nos conhecemos, ele estava em um break, começando a gravar o próprio disco. Mark me deu o presente de ter participado do meu disco e também me deu a ideia de fazer o “The Real Thing”. Eu já sabia que ele vem de uma família musical, sabia quem ele era, mas conheci mais sobre o trabalho dele, que é maravilhoso, pela Sharon Jones e, obviamente, do trabalho com a Amy Winehouse e a Lily Allen.
Você regravou uma música do Bob Marley e uma do seu pai, João Gilberto. Foram escolhas suas?
A música que eu gravei do Bob Marley é “Sun is shining” e a do meu pai, “Bim Bom” [lado B do primeiro compacto de João Gilberto, que trazia na outra face “Chega de Saudade”]. Foi uma escolha espontânea. O fato de Bob Marley ter entrado no disco se deve às minhas férias na Jamaica, quando conheci um estúdio muito bacana e fui convidada para usar o espaço de graça. Fiquei lá e comecei a arranhar as ideias do disco.
Qual sua intenção ao viajar pela Jamaica, Bahia e Pará para produzir o All in One? Você estava em busca de quê?
No caso da Jamaica, estava de férias. Depois das minhas férias, em janeiro de 2009, convidei o Didi Gutman e o Mario Caldato para me encontrarem na Jamaica. Começamos a trabalhar no disco, eu simplesmente aproveitei o espaço em que eu estava. Depois de um certo tempo em que se passa férias em um lugar e que se está cercada de música e de inspiração, a coisa mais natural é começar a trabalhar. Então juntei o útil ao agradável.
Apesar de sempre globalizados, este álbum conta com mais nomes nacionais do que os anteriores, como Carlinhos Brown, Mario Caldato e Daniel Jobim, entre outros. Por que houve essa mudança?
Não era para ter sido assim, mas acabou sendo assim e eu fiquei muito feliz. O disco foi tendo um som brasileiro pelo fato de ter músicos que também tocam em outros lugares, mas estavam no Brasil ou em Nova York, como o Daniel Jobim [neto de Tom Jobim]. Mas na verdade todos os discos tiveram um pouco de Brasil e um pouco de brasileiros também tocando. Isso pode parecer uma coisa mais radical do que anteriormente, mas não é o caso.
Que programas culturais você só encontra nos Estados Unidos e quais só encontra em no Brasil?
Sou uma pessoa espontânea e não tenho tempo para fazer muito turismo cultural. Vi um show do David Byrne, que já aconteceu há um tempo, mas para mim, era uma coisa que misturava tudo: arte, música, dança, isso é muito raro de acontecer. O ano passado inteiro fiz turnê e posso dizer que o mais legal foi a visita ao Mar Morto, fui para Israel pela primeira vez e foi incrível. Então eu acabo me alimentando das viagens que faço trabalhando e sempre dando um jeitinho de me divertir.
Você se sente mais em casa no Brasil ou nos EUA?
Nos dois lugares, porque aqui eu tenho a minha família, meus amigos, é a cidade em que eu vivi a minha vida toda até me mudar para Nova York. E nos Estados Unidos é onde minha casa está. Eu não possuo nenhuma propriedade no Brasil e acho que o fato de ter uma casa em um lugar, enraíza a pessoa. Então, por mais que eu venha me sentir em casa, sempre me sinto um pouco turista. Mas eu tenho o aconchego familiar e de todos os meus amigos, que suprem todas essas necessidades.
Você não acha que pelo fato de sua família estar aqui não influencia a exigência também?
Eu acho que acaba influenciando inconscientemente, apesar de meu pai não ir tanto ver meus shows como qualquer pai faria. (risos)
(4) Comentários
muito bom!
ja assisti varios shows da Bebel, acho o som fantastico.mas o som que faz e bem brasileiro, mesmo cantando em ingles rsrsrsrs
pena que ninguém divulgou antes o show da Bebel em Indaiatuba, SP, no último domingo, de graça, num parque… seria ótima oportunidade de conhecer esse talento brasileiro, num local que caberia até umas 20 mil pessoas. Agora isso fica reduzido aos felizardos pagantes de um ingresso!!!!
Ela é di-mais! Mais um CD para minha coleção.