A arte da revolução

A arte da revolução
Os designers e artistas gráficos Varvara Stepanova e Aleksandr Rodtchenko, 1923 (Foto Mikhail Kaufman)
  Quando assumiu o comando da recém-formada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Vladímir Lênin (1870-1924) não negligenciou um universo que muitos líderes políticos costumam tratar com desdém: a arte. Entre 1918 e 1930, o governo revolucionário instituiu e fomentou, em Moscou e Petrogrado (hoje, Leningrado), os Ateliês Superiores de Arte e Técnica (conhecidos em russo como “Vkhutemas” – acrônimo de Vyschie Khudôjestvenno-Tekhnítcheskie Masterskíe), formados por cursos universitários de artes e ofícios, como arquitetura, cerâmica e design, cuja proposta pedagógica articulava arte e revolução. Em seus poucos anos de existência, e mesmo com recursos escassos, os ateliês não somente contribuíram para a criação de um novo pensamento socialista, que desafiaria a até então hegemônica estética capitalista ocidental, como também ditaram o design do século 20, chegando a inspirar a escola alemã de Bauhaus e a arte moderna norte-americana – até serem completamente apagados da história durante o regime stalinista, que, temendo sua prontidão crítica, os desarticulou. “As novas pedagogias adotadas nos Vkhutemas e em toda a Rússia se originam de um processo revolucionário que visava a mudanças radicais na educação, com o objetivo de formar e capacitar o cidadão para o socialismo, gerando assim uma diferenciação histórica, política e ideológica em relação ao resto do mundo”, explica o pesquisador da história do design e artista têxtil Celso Lima, cocurador, ao lado de Neide Jallageas, da exposiç

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