A agilidade da mente

A agilidade da mente

Christopher Breward é autor de Fashion – Oxford History of Art. Professor de história do design na Royal College of Art, em Londres, Breward faz da moda, em seus trabalhos, o meio para compreender os processos culturais. Na entrevista abaixo, ele respondeu, por e-mail, a algumas questões feitas pela CULT sobre o papel e o destino da moda.

Marcelo Rezende

CULT – Hoje, a moda parece assumir um importante papel na produção cultural. Esse seria um momento único?
Christopher Breward – Moda é parte da produção cultural e tem sido assim ao menos desde o século 14, quando as formas econômica, estética e social estiveram diretamente ligadas ao surgimento do capitalismo moderno e da vida urbana no Ocidente. Sua presença é particularmente marcada pela revolução política e social – por exemplo, na Paris de 1789 ou de 1968.

CULT – Nós podemos fazer uso da história, da antropologia ou da semiologia para analisar a moda e seu papel na cultura. Poderíamos entender a moda sem essas ferramentas?
C.B. –
História, antropologia e semiologia (ou semiótica) são instrumentos úteis para o entendimento do que é a moda, mas devemos sempre reconhecer nossas respostas diretas, físicas e emocionais, diante da força da moda.

CULT – Existe uma teoria da moda? Se acreditarmos que sim, qual seria ela?
C.B. –
Eu sempre suspeito de teorias totalizantes, mas a moda parece se guiar para o campo da especulação e do comentário sem fim. Para mim, Georg Simmel, Oscar Wilde e Karl Marx têm oferecido idéias notáveis.

CULT – Pode moda ser arte?
C.B. –
Moda pode ser arte se o criador ou o comprador a identificarem como tal, mas ela raramente existe no vácuo e é, em essência, comercial e efêmera. A aparição da moda em museus e galerias não é garantia de sua aura artística.

CULT – É possível entender a moda sem seu lado mundano?
C.B. –
Não, não é possível. Moda é o casamento de produção e con-sumo; os hábitos mundanos da fabricação de roupas e o efeito mortal da cultura de massa são importantes componentes de sua mágica.

CULT – Como pode a moda, como um objeto, ser estudada na universidade?
C.B. –
Há fortes paralelos com a engenharia, a medicina, a música – em termos de moda como uma prática criativa e experimental. A moda também desfruta de uma longa tradição e é paradigmática de muitos processos sociais, filosóficos e econômicos, exigindo certa agilidade da mente

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