Régua e compasso: O julgamento do assassinato de Júlia Clara Fetal em Salvador, 1847

Edição do mês
Régua e compasso: O julgamento do assassinato de Júlia Clara Fetal em Salvador, 1847
Poema sobre a morte de Júlia Clara Fetal na Igreja da Graça, em Salvador, onde estão seus restos mortais (Wikimedia Commons)
  Júlia Clara Fetal nasceu em Salvador, em 3 de fevereiro de 1827, filha da francesa Julie Fetal e de João Batista Fetal, um importante comerciante com loja na rua da Alfândega, nº 94, e residente na rua do Rosário, nº 1, próximo à praça da Piedade, palco do enforcamento e do esquartejamento dos corpos dos réus da Conjuração Baiana de 1798. Júlia Fetal teve uma educação típica para uma moça branca de família rica da época: tocava piano, costurava, sabia desenhar e falava francês fluentemente, mas ainda precisava aprimorar seu inglês. Logo depois de ficar viúva, em 1846, sua mãe resolveu contratar um professor de inglês para a filha, e o escolhido foi João Estanislau da Silva Lisboa. Nascido em 19 de junho de 1819, em Calcutá, Índia, João Estanislau era neto do rico comerciante e traficante de escravos Antônio da Silva Lisboa e de Mariana Lucatelli. Cresceu em Salvador apenas com a mãe, a inglesa Mary Ann, morando no casarão da família situado no alto da ladeira da Montanha, após o falecimento de seu pai. O declínio financeiro da família não impediu que mãe e filho frequentassem as altas-rodas da elite soteropolitana da época para discutir literatura e política, pois ambos eram considerados pessoas cultas. João Estanislau da Silva Lisboa cursou grego no Liceu Provincial em 1837, concluindo o curso de bacharel em letras em 1842, mesmo ano em que ganhou o concurso de professor titular de geografia, também no Liceu. Em 1846, João Estanislau passou a oferecer aulas particulares de inglês, sua língua materna, ocasião em q

Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »

Dezembro

TV Cult