Os 18 anos da lei que leva meu nome
Maria da Penha durante evento do Conselho Nacional de Justiça, em agosto deste ano (José Cruz/Agência Brasil)
Entendo as comemorações em torno dos 18 anos da Lei Maria da Penha como um gesto profundo de reconhecimento não somente à minha trajetória, mas também à de todas as mulheres que lutaram e continuam lutando pelo direito a um mundo livre de violência.
Afinal, os nossos passos vêm de longe. Foi em 7 de agosto de 2006, uma segunda-feira, que a lei foi sancionada. E eu, Maria da Penha Maia Fernandes, estava em Brasília, celebrando esse momento histórico.
Na ocasião, eu pensava na minha luta e na de tantas mulheres que foram vítimas das mais cruéis formas de feminicídio ou que ficaram com sequelas definitivas, como eu, que há mais de 40 anos estou numa cadeira de rodas. Aquele tiro acabou com o movimento das minhas pernas, mas não me impediu de ir longe. Eu também pensava nas inúmeras mulheres que haviam sofrido danos na saúde mental, como perda da autoestima, da confiança em seu potencial, bem como perda da autonomia financeira, da capacidade de ser proativa, de sonhar e de ter esperança. Também pensei nos órfãos: vítimas da violência doméstica. E nas mães e nos pais que viram suas filhas serem assassinadas pelo desejo de sair de um relacionamento, de romper com um ciclo de violência.
Há 18 anos, a lei que é batizada com meu nome, resultante da minha história, que foi transformada em uma bandeira de luta, foi sancionada e descreve em seu artigo 1º o grande desafio de criar mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Ocorre que não basta somente “criar mecanismos”, também é preci
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