As desigualdades raciais na educação dos jovens brasileiros
Alunos em escola municipal na ilha de Marambaia, comunidade quilombola no sul do estado do RJ (Tânia Rego/Agência Brasil)
Em rápida passagem de olho por uma novela da Rede Globo, chamou-me atenção a cor alaranjada dos personagens que fazem o núcleo principal, uma trama que se passa em um Nordeste fictício. Por curiosidade, comparei as imagens disponíveis na internet com imagens de outras novelas recentes com tramas também ambientadas no Nordeste, e a conclusão foi de que sim, a paleta de cores mudou. Em um momento de divulgação dos dados do Censo de 2022 que retratam uma população composta por 45,3% de pardos, 43,5% de brancos, 10,2% de pretos, 0,6% de indígenas e 0,4% de amarelos, não se trata de uma coincidência nem de escolha meramente estética.
Desde o Censo de 1872, quando o quesito cor foi inserido com as categorias de respostas branca, preta, parda e cabocla, as categorias raciais mudaram algumas vezes, como também seu significado. Na esteira da produção de dados nacionais segundo raça/cor e no caminho aberto pelas pesquisas do Projeto Unesco, que, ao ter como objeto o preconceito racial, incorporaram o pardo (mulato ou mestiço) nas análises, os estudos sobre estratificação racial emergiram nos anos 1980 definindo outra lente analítica. A partir dela, as desigualdades raciais foram mensuradas e explicadas de forma dicotômica entre brancos e não brancos, e o Brasil foi desafiado a se repensar como país da fluidez e da democracia racial.
Carlos Hasenbalg e Nelson do Valle Silva, autores centrais nesse campo, desenvolveram suas análises baseadas no processo social do “ciclo cumulativo de desvantagens” dos pardos e pretos, uma vez que esses g
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