Terry Eagleton e a esperança trágica

Terry Eagleton e a esperança trágica
(Foto: Patrick Stary/Rosa-Luxemburg-Stiftung)
  Professor emérito de Literatura Inglesa na Universidade de Oxford, o filósofo britânico Terry Eagleton, 80 anos, tornou-se um dos mais respeitados pensadores da história e da cultura contemporânea, com trabalhos que vão de Shakespeare a Marx, da religião ao futebol. À Cult, Eagleton falou sobre esperança – conceito que motiva seu mais recente livro lançado no Brasil – a partir de debates com autores como Santo Agostinho, Nietzsche e Benjamin Em um de seus mais belos poemas, “A vida assim nos afeiçoa”, Manuel Bandeira diz que “Se fosse dor tudo na vida, / Seria a morte o grande bem. / Libertadora apetecida, / A alma dir-lhe-ia, ansiosa: — ‘Vem!’ (...)”. O problema, segue o poeta, são os instantes excepcionais que, qual “eternidades de segundos”, preenchem nossa transitoriedade precária de uma pujança que, quando passa, deixa um rastro de saudades; assim também a “ama de todos os mortais”, a “esperança prometedora”, nos sugere “coisas irreais” e assim perpetua nosso apego a ilusões. Nietzsche, em Humano, demasiado humano, relia em chave melancólica semelhante à de Bandeira a esperança como sendo o “pior dos males” da caixa de Pandora, na mitologia grega; isso porque ela “prolonga o suplício dos homens” ao não nos fazer desistir da vida apesar de todas as outras desgraças (ódio, guerras, doenças e assim por diante) que nos teriam sido enviadas pelo Olimpo em castigo pelo fogo divino que tínhamos acabado de receber do rebelde Prometeu. No ensaio Esperança sem otimismo, que acaba de ser lançado

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