A revolução dentro da mente

A revolução dentro da mente
Fauzi Arap, Clarice Lispector, José Wilker e Dirce Migliaccio à época da montagem da peça “Perto do coração selvagem” (Foto: CCPF Funarte)
  Em 1963, o dramaturgo Fauzi Arap, que ainda não era considerado um dos principais nomes do teatro brasileiro, foi seduzido por uma nova terapia que chegava ao Brasil. Para acessar lugares profundos da mente e ajudar as pessoas a falarem de suas questões com mais facilidade, a técnica experimental se valia de uma substância pouco conhecida chamada LSD, a dietilamida do ácido lisérgico – conhecido popularmente como “ácido”. Com a indicação de uma amiga, Arap passou a realizar sessões regulares com o Dr. Murilo Pereira Gomes, no Rio de Janeiro. Ele não foi o único. Entre os clientes mais conhecidos do psiquiatra, estava a escritora Clarice Lispector. “Foram precisos muitos anos, e ter me tornado seu amigo , para descobrir que a forte impressão que tivera de que A Paixão Segundo GH relatava uma experiência lisérgica não havia sido nada gratuita”, escreveu Arap, no livro Mare nostrum: sonhos, viagens e outros caminhos (Senac/SP, 1998), no qual relata suas experiências com LSD, arte e psicanálise. Em 2022, a “forte impressão” de Arap foi corroborada pelo primeiro estudo brasileiro feito com LSD em seres humanos, desde os anos 1960, e o único controlado, duplo-cego e randomizado do tipo já feito no país. Com orientação do psiquiatra Luís Fernando Tófoli (coautor deste artigo), os pesquisadores Isabel Wiessner, Marcelo Falchi e uma equipe da Universidade de Campinas mostraram, entre outras coisas, que, sob o efeito de LSD, foi possível perceber um aumento de “pensamento simbólico”, ou seja, comparado ao placebo, as pess

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