Estante: Scholastique Mukasonga, Edimilson de Almeida Pereira, Emily Dickinson
A escritora ruandesa Scholastique Mukasonga lança, pelo editora Nós, "Um belo diploma" (Foto: Divulgação/Nós)
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[Um belo diploma, Scholastique Mukasonga]
Neste relato autobiográfico, a autora ruandesa refaz o seu caminho para obter um diploma. De Burundi a Djibouti até chegar à França, conta como o pai acreditava que o exílio e a escola eram as únicas rotas de fuga do genocídio que dizimou membros da comunidade minoritária tutsi durante a guerra civil de Ruanda, em 1994. O diploma, segundo o pai, seria um espécie de talismã que a permitiria superar a desesperança e a desventura. De Mukasonga, a Nós também publicou Baratas, A mulher de pés descalços e Nossa Senhora do Nilo, obras memorialísticas que, como Um belo diploma, retomam aspectos das lutas fratricidas entre as etnias tutsi e hutu.
Editora Nós, 260 páginas, R$58. Tradução de
[O ausente, Edimilson de Almeida Pereira]
Um das principais vozes da poesia brasileira contemporânea, Edimilson de Almeida Pereira estreia na prosa ficcional com um romance situado no campo e narrado pelo curandeiro Inocêncio – que, ao longo da obra, também assume a posição de espectador. Junto da professora Dejanira, outra personagem principal, o narrador-espectador espreita “os modos como nos tornamos aquilo que (nosso nome sustenta que) somos”, segundo a professora Carolina Anglada (UFOP), que assina a orelha do livro. Poeta, ensaísta e professor de Literatura Portuguesa e Literaturas Africanas de Língua Portuguesa na UFJF, Edimilson é autor de uma obra extensa, com publicações nas áreas de poesia, literatura infanto-juvenil e ensaio.
Relicário Edições, 124 páginas, R$ 42,90.
[Poesia completa: Emily Dickinson]
Ao longo de cerca de 30 anos de atividade literária, Emily Dickinson escreveu algo em torno de 1.800 poemas, e a tradução apresentada neste volume – o primeiro da obra completa de Dickinson – preserva a forma como a americana deixou seus manuscritos organizados. Apesar de ter alcançado a fase madura da sua poesia em 1860, a obra da poeta só foi difundida postumamente. No Brasil, já foi traduzida por nomes como Cecilia Meireles, Ana Cristina Cesar e Decio Pignatari.
Unicamp, 888 páginas, R$160. Tradução de Adalberto Müller.
[Como derrotar o turbotecnomachonazifascismo, Marcia Tiburi]
A filósofa e professora discorre sobre o inominável fenômeno político que nos ataca, o retrocesso à barbárie e a escalada do ódio a nível mundial, potencializada pelas tecnologias digitais e pelo capitalismo neoliberal. Em sua forma fundamentalista e obscurantista, o autoritarismo, defende Tiburi, se renova e se encaminha para a dominação total, assumindo a forma monstruosa do “turbotecnomachonazifascismo”. A expressão, cunhada pela autora, é justamente uma tentativa de nomear o inominável, tendo em vista que qualquer projeto de transformação exige a compreensão do fenômeno a ser superado.
Record, 196 páginas, R$49,00
[#Vidasnegrasimportam e a libertação negra, Keeanga-Yamahtta Taylor]
Originalmente publicado em 2016, a obra analisa o surgimento do movimento Black Lives Matters em reação ao assassinato de Michael Brown pela polícia de Ferguson no estado de Missouri, em 2014. Professora assistente de estudos afro-estadunidenses na Universidade de Princeton, ativista e escritora, Taylor conecta o intenso policiamento nas comunidades negras às de guerra às drogas e o encarceramento em massa, e afirma que o assassinato e a brutalidade policiais são apenas a ponta do iceberg quando se trata do sistema de justiça criminal estadunidense.
Elefante, 462 páginas, R$55,00. Tradução de Thali Bento.