A experiência da individuação no campo junguiano
Edição do mêsO psiquiatra suíço Carl Jung em 1910 (Foto: Reprodução)
Os estudiosos de Jean-Jacques Rousseau são obrigados a se deter em uma experiência vivida pelo filósofo, chamada “emoção criadora”. Estamos em 1748 e Rousseau, a caminho de Vincennes, viveu algo inusitado, que lhe deu acesso a todas as chaves de sua obra: acolheu pensamentos não pensados que não cessariam de se desdobrar. Carl Gustav Jung também teve uma experiência original e única na história das psicanálises: o processo de individuação. Ousamos dizer que toda a teoria proposta pelo psicólogo suíço, todos os seus conceitos, advêm daí. Por ressonância, por reconhecer essa experiência e suas chaves afetivas em nós, na nossa experiência, nos aproximamos de Jung.
Ao longo deste artigo vamos nos valer de alguns paradigmas elaborados por Jung para dar contornos à sua experiência de individuação, que também foi a de seus pacientes. O eu e o inconsciente, escrito no início da década de 1910, modelo da individuação na segunda metade da vida, enfatiza a morfologia: persona/sombra/anima-animus/grande mãe/si-mesmo. Também dessa época, o escrito “Adaptação, individuação, coletividade” (1916) nos permite compreender a solidão de quem vive esse processo e também sua culpa e reparação. Culpa por ser um desertor – termo usado por Jung – obrigado a sair da corrente energética que liga a sociedade, a cultura e o coletivo. Reparação já que quem se individua há de criar um valor e só então reingressar no coletivo e na corrente energética que sustenta esse meio, como Jung denomina a cultura e o coletivo.
Nossa p
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