Primórdios da psicanálise no Brasil

Primórdios da psicanálise no Brasil
(Foto: Giuseppe Gradella Photography)
  O ambiente cultural da cidade de São Paulo teve grande influência na introdução das ideias freudianas no Brasil. Não vou contar toda essa história, mas pinçar acontecimentos que considero oportuno retratar e que podem nos ajudar a pensar o lugar e a problemática da psicanálise hoje.  Em 1901, Santos Dumont fez seu primeiro voo em Paris; em 1905, Albert Einstein apresentou a teoria da relatividade; em 1907, Pablo Picasso pintou Les Demoiselles d’Avignon; em 1909, Tommaso Marinetti propôs o futurismo. Fatos como esses fizeram parte de uma onda de mudanças no mundo ocidental que engendrou a difusão e a implantação da psicanálise no Brasil, processo que acompanhou o movimento de modernização nacional. A obra O pansexualismo na doutrina de Freud, do psiquiatra paulista Francisco Franco da Rocha, publicada em 1920, foi o primeiro livro psicanalítico brasileiro. Inspirava-se em vários textos de Freud, entre eles Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, de 1905. Contemporaneamente ao primeiro livro de psicanálise, surgiu Pauliceia desvairada, de Mário de Andrade – ícone do movimento modernista em São Paulo, que lia Freud em francês e falava sobre “as coisas freudianas”, e cuja obra foi influenciada pela psicanálise. Em 1928, Oswald de Andrade apresentou o “Manifesto antropófago”, fruto da leitura de Totem e tabu. A cena cultural estava fértil e se fertilizava com Freud. Segundo Jane Russo, “a grande questão, que nos ajuda a entender por que um mundo psi se constitui e se propaga com tanto vigor, é que modelos mo

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