Centenário de Adoniran

Centenário de Adoniran


Composta em 1964 por Adoniran Barbosa, Trem das Onze foi originalmente gravada pelo grupo Demônios da Garoa em 1965, fez sucesso no carnaval carioca daquele ano e foi regravada por diversos artistas, entre eles Gal Costa e Maria Gadú. “Tudo o que ele fez entregou para o grupo, que conseguiu transformar tudo em sucesso. Não tem como falar em Demônios da Garoa sem falar em Adoniran e vice-versa”, acredita Sérgio Rosa, integrante do grupo desde 1987.

Se estivesse vivo, Adoniran completaria cem anos no dia 6 deste mês, e as homenagens, que ocorrem desde o início do ano, continuam regadas a muita música.

A cantora Vânia Bastos, que participa da comemoração promovida pelo Centro Cultural São Paulo, conta que em Ourinhos (SP), sua cidade natal, “morria de ouvir” Adoniran: “Quando eu tinha dez anos, Trem das Onze era muito tocada, foi primeiro lugar nas paradas de sucesso durante um longo período, mas eu nem sabia direito quem era Adoniran Barbosa. Ele não era tão falado, hoje é bem mais divulgado”.

Sétimo filho de uma família de imigrantes italianos, Adoniran Barbosa, nome artístico de João Rubinato, nasceu em Valinhos (SP) e aos 14 anos começou a trabalhar para ajudar nas despesas familiares. Fez bico como entregador de marmitas, encanador, pintor e metalúrgico. Foi cantando os versos de Filosofia, de Noel Rosa, que ganhou o primeiro lugar no programa de calouros de Jorge Amaral, em 1933.

O compositor tem apenas três discos individuais gravados, todos intitulados Adoniran, lançados em 1974, 1975 e 1980. Este último contou com a participação de importantes nomes da música brasileira, tais como Djavan, Clara Nunes e Elis Regina. Adoniran morreu aos 72 anos, no dia 23 de novembro de 1982, em decorrência de uma parada cardíaca.

Projeto Adoniran 100 anos
Centro Cultural São Paulo
sábados, às 19h
domingos, às 18h
Entrada franca

Dia 7: Maria Alcina e Vânia Bastos
Dia 8: Cristina Buarque, Osvaldinho da Cuíca e Milena
Dia 14: Cida Moreira e Passoca
Dia 15: Cauby Peixoto, Tobias da Vai-Vai e Graça Braga
Dia 21: Virgínia Rosa, Maurício Pereira e Markinhos Moura
Dia 22: Wanderléa, Thomas Roth e Márcia Castro
Dia 28: Eduardo Gudin e Tetê Espíndola
Dia 29: Demônios da Garoa e Quinteto Branco e Preto

(3) Comentários

  1. Grande Adoniran!

    O véio era de uma originalidade sem tamanho, como poucos, faz uma falta danada, mas seu legado há de ecoar pelos becos, nas veias dos boêmios.

  2. Li em uma página na rede que Adoniran Barbosa nasceu, de fato, em 1912, mas que, quando tinha dez anos sua certidão de nascimento foi adulterada, para a data de 1910, para que ele, então “com doze anos”, idade mínima para poder trabalhar, pudesse começar a enfrentar o batente. Gostaria de saber se de fato existe o fato. Obrigado! Marcantonio

  3. Agora falo do meu Adoniran! Meu maior ídolo! Com 70 anos e um ouvido gasto de tanto uso, vi ninguém com tal capacidade de interpretação da alma humana e com sensibilidade para as mudanças havidas em seu tempo (tem um montão de políticos aí que não passa nem perto dessa sensibilidade). E a visão de comportamentos? Atravessa o tempo. Em “Morro do Piolho”, conta que foi eleito governador do Morro do Piolho e que o Panela de Pressão ficou de vice. A Pafuncinha achou estranho que tivesse conseguido a consagração, botou gente na butuca e acabou descobrindo a malandragem. Conclui: “Eu, como sempre, acabei entrando bem. Eta nego inteligente o Panela de Pressão. Esse negrão, quando vê a coisa preta, vai dizendo: tô inocente! Não conhece mais ninguém.” Pois é. Por isto é que tem gente por aí que não viu nada, não sabe de nada, assinou sem ler… O Adoniran sabia disto há setenta anos!

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