Aonde chega uma autobiografia?
Ernst Toller (Foto: Reprodução)
Há dois modos de responder à pergunta que intitula esta seção: um literário, outro histórico. E ambos os modos me movem – obra de primeira grandeza na bela tradução de Ricardo Ploch; parte da história de uma época que de agora em diante fica registrada entre nós – enquanto sigo tomando notas para minha brevíssima indicação de leitura.
Mas tendo chegado às últimas páginas de Uma juventude na Alemanha, volto à capa da edição brasileira. Nela, um azul ainda em noturno deixa ver as sombras do arco do triunfo em Berlim, Portão de Brandemburgo sobre cuja quadriga se divisa a cruz de ferro, a águia prussiana e, justificados à margem esquerda, em branco, os caracteres com o nome do escritor e o título do livro. Literatura e História vão passar a outro plano, assim como as linhas iniciais que Ernst Toller (1893-1939) redigiu no dia em que as suas obras – ao lado de tantas outras, como as de Freud, Einstein, Joseph Roth, Stefan Zweig, Thomas e Heinrich Mann – foram proibidas e queimadas pelos nazistas: “Não é apenas minha juventude que está aqui registrada, mas a juventude de uma geração e, além disso, parte da história de uma época. Essa juventude trilhou muitos caminhos, seguiu falsos ídolos e falsos líderes, mas nunca deixou de buscar o esclarecimento e de seguir os preceitos do espírito” (p. 21).
O que salta à vista na releitura é menos o tipo de Aufklärung às avessas que essa autobiografia também documenta, e muito mais o entrelaçamento de questões que, penso, vale a pena colocar em relevo.
Toller, de fat
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