Mónica B. Cragnolini: Pensar, tremer, desconstruir
Mónica B. Cragnolini, filósofa da Universidade de Buenos Aires (Reprodução)
A filósofa argentina Mónica B. Cragnolini propõe em relação ao pensamento de Jacques Derrida uma ideia original: ao associá‑lo à filosofia de Nietzsche, chama aos dois de “pensadores do tremor”. De fato, um dos pontos que une o filósofo do martelo ao pensador da Desconstrução é o abalo que, cada um a seu modo, produziu no chamado “edifício conceitual da metafísica”, expressão sob a qual muitas vezes se pretende estabilizar dois mil e quinhentos anos de história do pensamento grego‑ocidental. Derrida foi um pensador que, no rastro das aberturas proporcionadas por Nietzsche, teve o cuidado de perceber que essa história não é única nem homogênea. Ao contrário, é marcada por idas e vindas, rupturas, avanços e recuos. No entanto, se há algo em comum que subjaz no percurso da metafísica é a sua fundamentação em um ideal de presença – do sujeito, da consciência, do conteúdo, da coisa mesma. Contra essa presença, o tremor percebido por Mónica foi um operador para desestabilizar os pares opositivos que ainda estavam mais ou menos intocados na segunda metade do século 20, quando o pensador franco‑argelino começa sua trajetória filosófica na França. Hoje, passados dez anos de sua morte, Mónica identifica ainda a necessidade de os leitores de Derrida levarem adiante a tarefa de desconstruir o par humano/animal e todas as suas consequências violentas, como argumenta nesta entrevista.
CULT: Muitos autores atribuem a Derrida um momento limite da filosofia do século 20. Penso, por exemplo, em Patrice Maniglier, que
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »