Privado: A vida irracional
Editora Saraiva/Divulgação
por Daniel Bonomo
Há uma espécie de romance excessivo no século 20 que expande até a deformidade os elementos literários do modelo realista mais comum do século anterior.
No caso do austríaco Hermann Broch (1886-1951) - menos desconhecido no Brasil desde a excelente tradução de A Morte de Virgílio, assinada por Herbert Caro -, são Os Sonâmbulos, trilogia originalmente publicada entre os anos de 1930 e 1932, que inauguram sua contribuição fundamental para a literatura e o pensamento modernos na forma de um romance excessivo.
Em geral, entende-se a “exceção” da categoria de romances a que Os Sonâmbulos pertence como expressão de uma época em crise; quer dizer, vinculam-se à obra de Broch as convulsões e a violência de um período desgrenhado política e esteticamente. Nos termos de Broch, constitui-se um “período crítico” da composição do tempo presente por três instâncias: o “agora”, o “não mais” e o “ainda não”.
Segundo Hannah Arendt, “os romances decisivos do século 20 - a obra de Marcel Proust em francês, a obra de James Joyce em inglês e a obra de Hermann Broch em alemão - apresentam, cada qual a seu modo, essa condição tripartida própria à crise e, assim, voltam as costas para a forma tradicional do romance - que, mais que qualquer outra forma, prendia-se ao século 19”.
Os três romances de Os Sonâmbulos, cuja nova tradução brasileira está em andamento, dão forma à crise na modernidade de dois gêneros: o gênero humano e o do romance por assim dizer tradicional (gross
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