O vírus influência
Um dos mais importantes críticos norte-americanos desde o pós-guerra, o americano Harold Bloom, 80 anos, acaba de lançar um balanço de sua formação intelectual. Em Anatomy of influence: Literature as a Way of Life (Anatomia da Influência: Literatura como Modo de Vida, Yale University Press), ele relembra a infância pobre vivida durante a Grande Depressão, o ingresso na Universidade Cornell – onde já se destacava como garoto prodígio e grande conhecedor da poesia romântica inglesa –, a transferência para Yale e o desenvolvimento da ideia de influência como definidora da história da literatura.
O ápice de sua trajetória intelectual e também midiática viria, em 1973, com a publicação de A angústia da influência – expressão que o próprio autor chamaria posteriormente, em novo “Prefácio” à obra (1997), de “a ansiedade da influência”, substituindo “anxiety” por “anguish”. Nele, Bloom reescreve a história da literatura baseado no confronto entre obras e autores – um já canônico e influência perene, outro que busca escapar de sua esfera e encontrar um espaço de criação próprio – isto é, originalidade – dentro do cânon da literatura.
Assim, num primeiro momento a obra literária constrói-se com base em um ponto de vista interno, à revelia de fatores fora dela. Um texto não deve explicar o momento histórico em que foi produzido, ou a relação entre as classes socais, ou a situação da mulher, ou de qualquer minoria. Bloom estava claramente alvejando os estudos culturais – mas também sendo alvej
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