Metrô e higienismo
Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Cândido Malta Campos Filho diz que, com um projeto bem-feito, bairro de classe média-alta de São Paulo só tem a ganhar com nova estação de metrô.
CULT – A formação histórica e cultural do bairro explica a reação de alguns moradores contra a estação de metrô na Avenida Angélica?
Cândido Malta – De certo modo explica, porque é um bairro de alto padrão. E, em geral, essas pessoas estão muito habituadas ao uso do automóvel e relutam um pouco a passar a usar o metrô. Mas acho que é uma reação pouco consistente. Porque essas mesmas pessoas, quando viajam para o exterior, andam de metrô. E por que não podem andar de metrô em São Paulo? É uma reação pouco enraizada na cultura, e mais um medo de que o metrô possa trazer pessoas de padrão cultural e socioeconômico mais baixo.
Qual a relação histórica do bairro Higienópolis com a cidade de São Paulo como um todo?
O bairro nasceu na virada do século, quando ainda estávamos sob o impacto da febre amarela, que tinha dizimado grande parte dos moradores de Campinas. Aí construíram o bairro em um lugar supostamente mais salubre no território da área, hoje, central. Naquela época era periferia. O nome foi dado como quem chamasse atenção para essa qualidade de saudabilidade: é um bairro saudável para morar. Os mais ricos mudaram-se para lá, especialmente para as avenidas Angélica e Higienópolis.
Então, tem essa origem, que eu diria benéfica. Há os que digam que isso mostra a origem e só serve aos ricos. Acho que nós temos de nivelar tudo por cima, levantar o nível dos que têm pouco e não tirar dos que têm muito.
Higienópolis foi capaz de preservar edifícios históricos em meio ao processo de modificação do cenário urbano. O metrô vai descaracterizar essa unidade arquitetônica?
Não. O projeto da estação precisa ser bem-feito, no sentido de ser algo discreto. Como são as estações de Paris e Londres, que você nem percebe direito a não ser por uma placa que diz “aqui é a estação tal”. Se for assim, não vai descaracterizar nem um pouco. A companhia do Metrô deveria ter esse cuidado.
CÂNDIDO MALTA INDICA
CD Eu gosto muito da cantora Madeleine Peyroux. Estou ouvindo o último CD dela, Bare Bones (2009).
Livro Estou lendo A Sedução do Lugar – A História e o Futuro da Cidade (Martins Fontes), do escritor polonês Joseph Rykwert. É uma história sobre o urbanismo.
Filme Flamenco (1995), do diretor Carlos Saura. Um filme que me deixou muitas marcas pela proximidade da cultura espanhola com a nossa.
Site Eu acesso o www.wikipedia.org com muita frequência para ter informações sobre os mais diversos assuntos. E o da Folha de S.Paulo (www.folha.com.br) para poder ter notícias mais recentes. |
CÂNDIDO MALTA INDICA
CD
Eu gosto muito da cantora Madeleine Peyroux. Estou ouvindo o último CD dela, Bare Bones (2009).
Livro
Estou lendo A Sedução do Lugar – A História e o Futuro da Cidade (Martins Fontes), do escritor polonês Joseph
Rykwert. É uma história sobre o urbanismo.
Filme
Flamenco (1995), do diretor Carlos Saura. Um filme que me deixou muitas marcas pela proximidade da cultura espanhola com a nossa.
Site
Eu acesso o www.wikipedia.org com muita frequência para ter informações sobre os mais diversos assuntos. E o da Folha de S.Paulo (www.folha.com.br) para poder ter notícias mais recentes.