Privado: RE-ATOR NUCLEAR
Viktor Nascimento Schuldtt
Fogo!Fogo!Fogo!
Punhos em chamas,
pilares firmes,
atores atrozes
do tempo atado
aos dínamos velozes,
ao mover desbaratado
de baratas sem membros.
Tensão temporal,
fissão de céus rasgados,
tendão partido.
Cogumelo!
Horizonte nuclear!
Fissura na face dos campos,
frontes frias,
teses vãs,
vãos na tez,
sulcos secos,
cavidades,
olhos ocos,
ocas vazias,
ocaso ocasional,
exército branco,
ossos feéricos,
hordas famélicas,
relógios sem horas,
cabeças nas cordas.
Ermitões deformados
nas montanhas do Xogum
saciam as sedes em brasa
nas poças parvas,
Ah ebriedade de larvas!
Granadas!
último gozo,
família suicida,
entranhas diluídas,
carnes vaporizadas.
Esteiras insanas,
insone produção
de máscaras e pernas biônicas.
Sem esperança! Sem esperança!
Místicos manifestos,
profetas do Fim,
substância ferida,
miríades de moscas,
outono eterno de todas as plantas.
Foi-se o riso,
foice mortal
parte o caule da vida,
na corrida espacial
da diáspora das eras.
Nuvens negras como a morte,
lágrimas corrosivas,
chuva sobre corpos,
Deus desce despido,
não mais como pai,
sinos se rasgam,
orgia de anjos do apocalipse,
trovões como lanças
machucam as selvas,
manchas de caos,
coágulos de sangue
em toda a Terra.
Nas veias cortadas do arrozal
saltam peixes e cores mutantes,
um tumor cresce sob o Sol,
o Imperador adormece
no seu Inferno high-tech
de monges mortos.
Explosão vermelha!
Niilismo de peles pulverizadas.
Ascensão budista à pureza
no tronco de pólvora
de uma cerejeira acesa.
Resíduo racional:
res-existência radioativa.
Viktor Nascimento
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