Uma cidadezinha qualquer do sertão

Uma cidadezinha qualquer do sertão
O poeta cearense Maílson Furtado, vencedor da categoria Livro do Ano com 'À cidade' (Arte Fernando Saraiva/Revista CULT)
  Como escrever sobre um livro que simplesmente ganhou o prêmio de Livro do Ano, do último Jabuti, conferido pela Câmara Brasileira do Livro? O trabalho se torna espinhoso, pois em meio à alegria do jovem vencedor não caberia uma voz dissonante, meio ranheta, querendo apontar problemas em sua obra. Ainda mais quando se trata de um autor que bancou ele mesmo a sua publicação, cuidou de todas as etapas da edição, da capa à impressão, empenhou-se na confecção de seu livro, cuja tiragem foi de 300 exemplares, e ainda desembolsou mais de trezentos reais para se inscrever num prêmio de bastante prestígio nacional, concorrendo ao lado de pesos-pesados da literatura brasileira. É o caso de À cidade, do cearense Maílson Furtado, poeta que nasceu em Cariré, em 1991, formou-se em odontologia na Universidade Federal do Ceará, e hoje divide sua vida entre seu trabalho de dentista em Reriutaba e Varjota, onde mora, é casado e tem um filho, e ainda arranja tempo para tocar uma companhia teatral, a Criando Arte, que ele fundou em 2016, escrever seus poemas na madrugada e editar seus próprios livros. Este seu livro, que recebeu um prêmio de 100 mil reais, dificilmente ombreia-se com Em alguma parte alguma, última coletânea de poemas de Ferreira Gullar, que em 2011 também foi agraciado com o “livro do ano”, ou com Collapsus Linguae, de Carlito Azevedo, que o recebeu em 1992, e que se tornou uma referência na poesia contemporânea brasileira. Cito essas duas obras pois nos outros anos a poesia passou distante dessa honraria. Certamente, nem mesmo

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