O coração desnudado de Baudelaire
O poeta francês Charles Baudelaire (Reprodução)
Mon Coeur Mis à Nu e Fusées (na tradução, Rojões) são dois conjuntos de folhas avulsas, escritas a partir de 1859 e 1855, respectivamente, deixadas por Baudelaire. Embora publicados inicialmente sob o título de Journaux Intimes (Diários Íntimos), tal denominação, segundo o tradutor, Tomaz Tadeu, seria imprópria, já que não teria sido sugerida pelo poeta. No entanto, o caráter desses textos é, de fato, o de anotações esparsas, com certo tom de incompletude e, ao mesmo tempo, confissão, remetendo-nos ao gênero de escritas íntimas.
Algumas das anotações são como aforismos, reflexões sobre temas que vão do amor à religião – assuntos, afinal, não estranhos às preocupações do autor. Contudo, a diferença desses textos póstumos para os poemas de As Flores do Mal ou dos poemas em prosa de Spleen de Paris está principalmente no tom. Nessas notas, tem-se um Baudelaire muito mais direto, incisivo e impetuoso (ainda), dando-nos muitas vezes a sensação de anotações feitas no calor de um acesso de cólera, de desesperança ou desilusão amorosa. Para o leitor que não leu a tradução anterior (de Aurélio Buarque de Holanda, em 1981), a ocasião é para conhecer um pouco da alma deste “poeta maldito”, como um bom acompanhamento para a leitura de seu As Flores do Mal.
Meu coração desnudado
Charles Baudelaire
Trad.: Tomaz Tadeu
Autêntica
152 págs. – R$ 29