A multipoesia de Augusto de Campos

A multipoesia de Augusto de Campos
Poema "fratura exposta", de Augusto de Campos, 2006 (Reprodução)
  Augusto de Campos realiza uma pesquisa poética regida pelo signo da invenção, utilizando recursos das tecnologias digitais que permitem integrar palavra, som, imagem, movimento, tempo e espaço em composições que solicitam a participação inteligente do leitor para a construção de significados. Em “Criptocardiograma”, peça que integra a série Clip-poemas, publicada em sua página na internet, a leitura é interativa: cabe ao leitor arrastar as letras de um menu-alfabeto para dentro de um campo de ícones, substituindo cada ícone por uma letra para compor o poema, numa operação lúdica que recorda o engenho barroco da poesia visual labiríntica. A interatividade está presente no trabalho do poeta paulistano desde Colidouescapo (1971), pequeno álbum com folhas soltas que podem ser intercambiadas em diferentes sequências, permitindo a construção de palavras inusitadas, pela recombinação de morfemas (destinto, desescanto, resiscanto). Em Poemóbiles (1974), obra realizada em parceria com o artista visual Júlio Plaza, o autor nos apresenta a um ciclo de doze poemas-objeto coloridos tridimensionais manipuláveis, assim como as esculturas móveis de Alexander Calder, que podem ser lidos na horizontal, na vertical ou na diagonal, de baixo para cima ou de cima para baixo, numa pluralidade de rotas interpretativas. O poema “Viva vaia”, que integra o conjunto, chama a atenção pela tipologia empregada, que abole as fronteiras entre palavra e imagem: os signos visuais podem ser lidos como letras e ainda como formas plásticas, recuperando a dimens

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