Dossiê | Winnicott e o entendimento do humano na psicanálise
Winnicott no estúdio do escultor Oscar Nemon, Inglaterra, 1960/1970 (Cortesia de Winnicott Trust e Wellcome Collection, Londres)
Donald Winnicott é um caso limite de produção de pensamento e entendimento do humano na psicanálise. Um mundo especial de experiência humana psicanalítica, resultado forte de uma jornada de desenvolvimento teórico única. Ele é um daqueles raros psicanalistas – como Freud, Lacan e Bion – a respeito do qual se pode dizer que, na direção particular dos problemas em que eles pensaram a psicanálise, não há de fato nada depois deles. Nada depois de um certo limite da psicanálise, um amplo território, que chamamos de Winnicott, um limite teórico que necessariamente implica toda a vida clínica. Trata-se dos autores de fundo e de princípio do pensamento psicanalítico, que estabeleceram níveis de problemas que, aceitáveis ou não pela comunidade de psicanalistas e outros analistas em particular, se tornaram uma real fronteira do pensamento, horizonte de realização epistemológica e teórica que faz efeito inteiramente sobre o campo, base para o trabalho de uma infinidade de outros psicanalistas, fonte de um mundo de problemas muito novos, cujo avanço da própria disciplina necessita incorporá-los e chegar a pensar desde aí. Winnicott é renovação radical da psicanálise, e um de seus limites contemporâneos a um só tempo. Uma tempestade feliz de inteligência e de valor sobre a disciplina.
Mas, também, de todos esses poucos analistas estruturais, analistas de fronteira e agonísticos da experiência da psicanálise em seu século, Winnicott figura para muitos ainda como o mais singular, um pensador muito especial, de fato o formulador d
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