O cômico e o anúncio do trágico

O cômico e o anúncio do trágico
Em sua viagem à Itália, Benjamin parece seguir os passos de Goethe, tendo a viagem deste como guia (Foto: Domínio Público)
  Quando Benjamin era um jovem envolvido no movimento estudantil radical e já havia iniciado seus estudos em Filologia, História Geral e Filosofia na Universidade de Friburgo em 1912, viaja “anonimamente”, como disse num cartão-postal, para o Norte da Itália com amigos da época: Erich Katz e Friedrich Simon. Essa rápida Bildungsreise de Benjamin, de Lucerna aos lagos de Como e Maggiore, passando pelo maciço ou passo de São Gotardo, na Suíça italiana, partindo para Milão, Verona, Vicenza e Veneza, resultou em um dos ensaios de escrita do autor. A preocupação de Benjamin sobre o gênero de escrita sempre existiu e nunca o abandonou – sua consciência da forma fez com que a regrasse com intenções claras. O que poderia ser um diário de viagem se torna uma forma que – seguindo os passos de Johann Wolfgang von Goethe, como deixa claro logo de início – aproxima-se de uma definição própria de relato de viagem, pouco distinta dos experimentos autobiográficos mais tardios de Benjamin. O diário intitula-se “Minha viagem à Itália, Pentecostes 1912”. Lemos no primeiro parágrafo as “regras” dessa escrita: “Do diário que quero escrever, apenas a viagem deve emergir. Gostaria que nele o todo essencial da viagem se manifestasse, a síntese silenciosa e espontânea de que uma viagem de formação  precisa e que constitui sua essência. É ainda mais claro para mim que nenhuma vivência isolada tenha influenciado fortemente a impressão de todo o caminho. Natureza e arte culminaram harmoniosamente em toda parte naquilo que Goethe cham

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