Walter Benjamin, crítica da cultura e do progresso
Walter Benjamin na Biblioteca Nacional de Paris, 1937 (Foto Gisèle Freund / Reprodução)
A potência do pensamento de Walter Benjamin revela-se na forma como ele aborda, no ensaio “Sobre a crítica do poder como violência”, a relação de toda ordem jurídica com a violência e a questão da legitimidade esdos meios constituintes do poder. Esse texto, escrito provavelmente na virada do ano de 1920 para 1921, prenuncia o grau de sutileza e consistência que o autor viria a alcançar através de um paciente rastreamento do obscuro e massacrante caminhar da história. Em sua obra foram incorporados elementos de muitas fontes – clássicos da filosofia, livros para crianças, panfletos, poesia, diários de viagem, álbuns de fotografia, textos sobre cinema e arquitetura, tratados teológicos, revistas de moda etc. – e também documentos retirados do lixo da história oficial. O fôlego intelectual para processar um conjunto tão variado de fontes e informações tinha como contraponto uma sensibilidade dolorosamente frágil e inábil para resolver problemas práticos. Até o fim de sua vida, na trágica noite de 26 de setembro de 1940, Benjamin investiu suas energias contra aquilo que os historiadores liberais entendem por “progresso”. Diante da história, um gesto tornou-se necessário para ele: deter a marcha do progresso e implodir o enquadramento servil que mantém o status quo.
A carga de violência inerente à cultura e ao seu processo de transmissão podem se tornar invisíveis dependendo da forma como a história é escrita. A reflexão de Benjamin sobre a questão do poder como violência remete à ideia de “estado de exceção como
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