Violência política de gênero e raça
Edição do mês
Manifestação Mulheres contra Bolsonaro no largo da Batata, em São Paulo, em 2018 (Rovena Rosa/Agência Brasil)
Desde 2014, nosso país viu a ascensão da extrema direita – antes tida como caricata e isolada nas pequenas rodas privadas do pensamento comum e reacionário – assumindo um protagonismo político capaz de se apresentar como a “única saída”, e de urgência, sobre a crise política e econômica que atravessamos no mundo. Figuras como Jair Bolsonaro saem, assim, do círculo do folclore do baixo clero do Congresso Nacional e assumem um lugar messiânico para a maioria da classe média e da elite brasileira.
Do outro lado, vemos o maior revés do campo popular e democrático desde o fim da ditadura, em 1985. Da eleição de 2014 até o golpe que resultou no impeachment da presidenta Dilma, era como se estivéssemos imersos em uma “grande noite” – parafraseando Frantz Fanon – que autorizava uma crescente onda fascistizante reforçada pela misoginia, pelo racismo e pelo ódio contra o povo. Mesmo quem se contrapunha a isso não conseguia enxergar uma saída. Claro que essas questões já estavam profundamente enraizadas na estrutura da nossa sociedade e foram abertas ali como uma caixa de pandora do fascismo. A percepção de muitos era de que estávamos derrotados e condenados a sermos governados por uma onda de extremismo que varria o mundo, sem que pudéssemos fazer nada.
Nesse contexto, os movimentos feministas assumem um papel central – o ano era 2018, e milhares de mulheres tomaram as ruas de centenas de municípios brasileiros. Suas palavras de ordem eram claras: articulação política ampla. Através de encontros produzidos pela intern
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