Vidas de Adalgisa
Adalgisa Nery em 1956 (Foto: Acervo Adalgisa Nery)
Adalgisa Nery não é uma pessoa que se define nem se sintetiza. Não é uma figura de ciclos ou rupturas, mas uma mulher que foi se abrindo para o máximo de seu potencial humano ao longo da vida. Talvez isso seja o que de mais preciso se possa dizer sobre a “indômita” Adalgisa, conforme a definiu o poeta Carlos Drummond de Andrade, na ocasião de sua morte, em 7 de junho de 1980.
Poeta, escritora, embaixatriz, jornalista e colunista política, deputada estadual e federal, cassada pelo AI-5, e musa de mais de vinte artistas nacionais e estrangeiros – como seu primeiro marido, Ismael Nery, e o mexicano Diego Rivera –, Adalgisa exerceu atuação fundamental em alguns dos momentos mais importantes do cenário político, cultural e intelectual do país. E isso numa das etapas mais criativas e turbulentas, em todos os sentidos, do Brasil; em especial, do Rio de Janeiro, entre os anos 1920 e 1980.
Parte dessa trajetória pode ser lida em Do fim ao princípio: poesia completa (1973-1937) (José Olympio, 2023). Organizado pelo poeta Ramon Nunes Mello, estudioso da autora, o livro reúne, após cinco décadas desde o lançamento de sua última obra inédita, a poesia completa de Adalgisa, editada pelo mesmo selo que a publicou originalmente.
Trata-se de um trabalho cuidadoso, que se conecta com outras obras da escritora, também organizadas por Ramon para a José Olympio: os romances A imaginária, de caráter autobiográfico, relançado em 2015, e Neblina, publicado originalmente em 1972 e relançado em 2016.
Além do prefácio, no qual o organizador
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