A verdade e as formas políticas

A verdade e as formas políticas
(Foto: Divulgação/CMF)
  Em maio de 1973, Michel Foucault é convidado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) a dar uma série de conferências com o fim de apresentar os resultados das pesquisas que está desenvolvendo naquele momento. As conferências foram publicadas sob o título de A verdade e as formas jurídicas e tornaram-se uma peça chave do seu pensamento. Nelas, Foucault adianta as teses centrais de Vigiar e punir: nascimento da prisão (1975) e também algumas das ideias de A vontade de saber (1976), primeiro volume da História da sexualidade, seus dois grandes livros da década de 1970. Mas, ao mesmo tempo, A verdade e as formas jurídicas lhe permite fazer uma leitura retrospectiva do trabalho desenvolvido até aquele momento, reformulando-o, complementando-o e expandindo-o. Além disso, as conferências tiveram um impacto inegável na América Latina, pois, publicadas imediatamente em português e traduzidas para o espanhol, permitiram a introdução e o debate de um certo número de problemáticas que estavam silenciadas ou que não eram objeto de discussão em diversos campos, no contexto de fortes regimes autoritários. Dado interessante: o texto das conferências só foi difundido anos mais tarde em francês e traduzido para o inglês, o que significou seu conhecimento tardio nas comunidades acadêmicas nessas línguas. Na primeira dessas conferências, Foucault expressa claramente que tem o objetivo de investigar três pontos chaves: como se formaram domínios de saber a partir de práticas sociais; analisar os discursos; e reelaborar

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