Vampiros no Riocentro
por Marília Kodic
Frequentemente comparada à edição paulistana, com a qual se alterna a cada ano, a Bienal do Livro do Rio de Janeiro chega à 15ª edição neste ano. “No Rio, pensa-se em novas programações e formas de atrair o leitor. Foi-se o tempo em que bastava espalhar as editoras por estandes. Já em São Paulo, onde parece puramente comercial, foi-se deixando de lado o leitor antenado”, acredita o jornalista Ubiratan Brasil.
Com um aumento de 20% na área de expositores e um investimento na programação cultural de R$ 4,2 milhões, 2,5 vezes maior em relação à edição anterior (2009), a Bienal do Rio traz aos pavilhões do Riocentro mais de 140 autores, 23 deles estrangeiros – com destaque às norte-americanas Alyson Noël e Anne Rice (foto), autora de Entrevista com o Vampiro (1976), e ao português Gonçalo M. Tavares –, para cerca de 70 encontros ao longo de 11 dias.
Confira a seguir a opinião de três especialistas sobre o evento.
Onde: Riocentro – Av. Salvador Allende, 6.555, Rio de Janeiro (RJ) Quando: 1º a 11/9
Quanto: R$ 6 e R$ 12
Info.: (21) 3035-3100, www.bienaldolivro.com.br
Mary Del Priore, professora e historiadora
Vai bem
• É um encontro feliz dos leitores com seus melhores amigos, os livros, com total liberdade para ir dos autores
de obras-primas aos pequenos escritores esquecidos pela história literária. Reúne o público popular e o
intelectual em busca de aquisições e de contato humano com os escritores.
• Inclui na agenda uma programação que nos faz refletir sobre o papel do conhecimento na sociedade contemporânea e sobre novas formas de torná-lo mais apaixonante.
Vai mal
• Falta o lúdico para os adultos: por que não criar consoles, torres e computadores nos quais os leitores possam brincar com trechos de livros, ou escutar os próprios autores lendo suas obras? Isso atrairia o público que está normalmente ausente das bibliotecas.
• Falta educação para usar os banheiros. Livros educam, mas não são suficientes para manter a higiene do espaço público. Além disso, o que dizer do cheiro de gordura das praças de alimentação, que parece impregnar lombadas e páginas de livros que amamos?
Marcelo Ferroni, escritor e editor do selo Alfaguara, da Objetiva
Vai bem
• O evento é destinado a um grande público, atrai muitas escolas e pode incentivar a leitura entre pessoas mais novas. É um evento democrático que aproxima, de alguma forma, o leitor dos autores convidados.
• As editoras fazem promoções de seus livros, então é uma boa oportunidade para comprar títulos que sempre quisemos ter, mas que eram muito caros. Temos acesso a uma boa parte do acervo, o que não é comum nas livrarias, que têm estoque limitado, com ênfase nos lançamentos.
Vai mal
• Fica um pouco longe, e o acesso nem sempre é fácil.
Ubiratan Brasil, editor do Caderno 2, de O Estado de S. Paulo
Vai bem
• A cada edição, a Bienal apresenta uma boa reformulação em relação à edição anterior, e não apenas como mais uma feira de livros.
• Considero muito importante o interesse em oferecer espaço para os jovens, não apenas para as crianças. E isso tem acontecido pelo meio mais interessante, as novas ferramentas tecnológicas, especialmente a internet.
Vai mal
• Talvez por causa de concorrentes pesados (como a Flip), a lista de convidados estrangeiros, nos últimos anos, voltou a ser irregular, apostando mais no pop, mas com poucos nomes relevantes.
• Por ocupar uma grande área e atrair multidões, a Bienal ainda sofre com serviços precários de alimentação. Não é possível passar bem o dia inteiro no Riocentro.