Uma outra compreensão da realidade
O escritor alemão Thomas Mann (Reprodução)
Enquanto tratados teóricos e pesquisas nas ciências sociais tenderam, e, na maioria dos casos, ainda tendem à redução do social ao empírico objetivável, o conhecimento produzido pela literatura parte da subjetividade para entender o mundo pela sensibilidade. Mann demonstrou como ler a história do protagonista de seu romance seria também uma outra maneira de compreender seu tempo, o que realmente se passa porque a literatura lida com a história por meio da memória e da experiência. É assim que nós, leitores e leitoras, adentramos em reinos em que a sensibilidade e a razão se associam de maneiras poucas vezes alcançadas em pesquisas científicas.
Quer sejamos homens ou mulheres, alemães ou brasileiros, podemos, ao ler A montanha mágica, nos identificar com seu singelo protagonista, Hans Castorp, um jovem de 23 anos, engenheiro sem gênio, na irônica definição do autor, e compartilharmos de seus sete anos de vida em um sanatório para tuberculosos. O sanatório é um microcosmo doentio da época do pré-guerra em que o descaminho da doença e a atração pela morte podem nos guiar para descobertas extraordinárias sobre a própria vida. Tornamo-nos, quase sem perceber, “tuberculosos” como ele e passamos a descobrir o mundo sob os olhos de alguém socialmente classificado com a doença que se atribuía aos românticos e passionais. O mal do século se torna um caminho alternativo, uma forma de sensibilidade a direcionar nossa mente para uma nova compreensão da realidade.
Literatura e sociologia
Algo similar seria alcançável por um estudo d
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