Um lance de búzios: a poesia de Antonio Risério

Um lance de búzios: a poesia de Antonio Risério
O antropólogo Antonio Risério (Reprodução)
  Antonio Risério pertence a uma geração de poetas brasileiros que, na década de 1970, assimilou o rigor formal da Poesia Concreta, a releitura crítica da realidade brasileira pelo Tropicalismo, as linguagens da publicidade, das histórias em quadrinhos, da música popular e a inquietação da contracultura. Poetas como Risério, Duda Machado, Waly Salomão, Paulo Leminski, Alice Ruiz e Régis Bonvicino publicaram poemas em revistas de vanguarda editadas nesse período, como Código, Raposa, Muda e Qorpo Estranho, e editaram seus primeiros livros por conta própria, com pequenas tiragens. Ao contrário de seus companheiros de geração, Risério reuniu sua poesia em livro vinte anos depois, com Fetiche, publicado em 1996 pela Fundação Casa de Jorge Amado. Nesse volume, o poeta baiano incluiu poemas visuais elaborados com recursos de computador, como “o peixe é sempre o último a saber da água”, e outras composições visuais, mais antigas, criadas a partir da colagem e montagem de fotos, desenhos e textos em várias tipologias de letraset, como é o caso do poema “risos estalam sisos/ rios mudam a plumagem/ quando renasce das cinzas/ o kamikaze da linguagem”. A influência da Poesia Concreta é evidente, mas não exclusiva: podemos reconhecer no humor, ironia, escatologia e em certo brutalismo desses poemas visuais um parentesco com o dadaísmo, assim como acontece na poesia visual de Glauco Mattoso e Sebastião Nunes. O ready made, técnica recorrente na poesia e nas artes visuais dadaístas, comparece em várias peças de Risério, como no poema q

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