Terceira margem do queer
Vivencial: imagem do afeto em tempos de ousadia, livro da fotógrafa Ana Farache (Reprodução)
Quando pensamos na emergência da perspectiva queer no Brasil, lembramos de quais referenciais? Certamente vamos remeter a algum texto produzido dentro dos certames da universidade, mais especificamente nas regiões Sul e Sudeste do país. No entanto, há vários arquivos que nos mostram outra possibilidade de pensar o surgimento, no Brasil, do que hoje lemos como queer. São arquivos compostos de iniciativas artísticas que mostram uma série de desajustes no que tange às normas de gênero e sexualidade. Obras e processos que já traziam consigo linhas gerais que poderiam ser identificados como grandes batalhas para a perspectiva queer, como a desnaturalização da sexualidade, a quebra dos binarismos de gênero e a própria necessidade em pensar diversos atravessamentos envolvendo diferentes marcadores sociais como raça e religiosidade.
Longe de possuírem apelo identitário que reforça e delimita as sexualidades e os gêneros, essas produções são estandartes de um ideal de rebeldia às normas por meio de um posicionamento que, hoje, podemos analisar como dissidente. Dissidência que vinha, sobretudo, do desbunde e de estratégias artísticas mais ásperas e menos passíveis de serem capturadas pelos sistemas políticos e da arte. Duas iniciativas artísticas, que em dado momento estão interligadas e que considero sintonizadas com esse posicionamento de dissidência das sexualidades e dos gêneros, são de artistas do estado do Pernambuco: o cinema de Jomard Muniz de Britto e as intervenções teatrais do grupo Vivencial.
Jomard é uma fig
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