Tchekhov 150 anos
Série de palestras, peças, oficinas e leituras dramáticas que ocorre ao longo de junho homenageia os 150 anos de nascimento do escritor russo Anton Tchekhov (1860-1904). No evento Tchekhov 150 anos, estarão presentes artistas e intelectuais envolvidos com a obra do autor, como o filósofo Luiz Felipe Pondé, o professor e tradutor Boris Schnaiderman e o diretor do grupo TAPA, Eduardo Tolentino.
Eloisa Vilela Fusco, uma das organizadoras do evento, explica por que a obra do escritor se mantém atual: “A questão do humano presente em Tchekhov é o que nós todos buscamos. Isso se resume a fazer com que um ato pequeno tenha sentido dentro de um contexto muito maior. Eu sinto que as pessoas continuam buscando algo que elas possam fazer e que lhes dê sentido”.
A ideia da homenagem surgiu quando a Cia. dos Desejos, da qual Eloisa faz parte, começou a montar a peça As Três Irmãs, que abre a programação do evento: “Como nós estávamos estudando a peça e o autor, tínhamos vontade de falar da obra de Tchekhov como um todo, de outras peças, como A Gaivota e Jardim das Cerejeiras”. Confira o depoimento das professoras Aurora Bernardini e Elena Vássina, que participam da homenagem ao autor russo.
Aurora Bernardini, professora de língua e literatura russa da USP
Meu primeiro contato com Tchekhov foi em inglês. Quando estudante de anglo-germânicas, fiz um trabalho comparando dois contos: “ Bliss” (“Beatitude”, mas aqui traduzido por “Felicidade”), de Katherine Mansfield com “The loved one” ( “Dúchetchka” de Tchekhov, aqui traduzido como “A queridinha”). Ambos os contos tratam do amor de duas mulheres e ambos são muito verdadeiros.
Meu segundo contato com Tchekhov foi em russo, com um pequeno sketch satírico que traduzimos para o português, no Curso Livre de Língua Russa: “O bilhete premiado”. Conheci um outro Tchekhov, o humorista que escrevia para os jornais pequenas cenas que tinham sucesso e lhe permitiam pagar os estudos e ajudar a família. Mais tarde, tornei-me leitora de praticamente toda a sua obra, tendo traduzido alguns contos e algumas peças breves, que foram publicados.
Elena Vássina, pesquisadora de literatura russa e professora da USP
Meu primeiro contato com a obra do Tchekhov foi na infância. Acho que eu ainda não sabia ler e meu avô meu lia os contos infantis. Eu me lembro que na infância eu assisti a um filme maravilhoso, que era para adultos, chamado Dama do Cachorrinho; o filme foi premiado no Festival de Cannes em 1960. Depois, como sou russa, já na segunda série, comecei a estudar e a ler a obra de Tchekhov e depois não parei mais.
O ano internacional do Tchekhov é muito importante e atual para a literatura e o teatro contemporâneos. Neste ano, o evento é comemorado no mundo inteiro, então é eu acho importante que o Brasil está no mundo e não fora do mundo. Tchekhov inaugurou a nova época no teatro moderno e contemporâneo, abriu caminhos para o teatro dos séculos 20 e 21. Ele é considerado o Shakespeare do século 20 e é um dos autores mais montados no mundo inteiro.
Tchekhov 150 anos
Caixa Cultural São Paulo (Sé)
Praça da Sé, 111 – Centro
03 a 27 de junho
Entrada Franca
Leia o artigo de Elena Vássina dedicado a Tchekhov publicado na edição 132 da Revista CULT
Clique aqui para ver a programação completa
(1) Comentário
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Depois de Tolstoi, Tchekhov é o melhor!