Sonhar… brincar… elaborar
Seleção de desenhos infantis utilizados por Melanie Klein em seu estudo sobre a técnica do brincar na análise, em 1925 (Foto: Julia Sheppard / Wellcome Collection)
Melanie Klein foi, sem dúvida alguma, uma das grandes figuras da psicanálise depois de Sigmund Freud, principalmente porque alargou o conhecimento sobre o mundo interno que habita cada mente humana – caracterizado por fantasias inconscientes e capaz de se manifestar já na mais tenra infância sob diferentes formas e linguagens. O grande desafio para nós, terapeutas, sempre foi decodificar essa diversidade comunicativa que é complexa e ao mesmo tempo fascinante. Muitas das hipóteses kleinianas são ainda hoje conhecimentos obrigatórios, especialmente a quem quer se comunicar psicanaliticamente com a mente da criança. Suas contribuições sobre a riqueza simbólica no uso dos brinquedos são de valor inestimável para a clínica, sendo o simbolismo apenas uma parte da linguagem infantil. Klein desenvolveu uma nova metapsicologia, tão complexa quanto controversa, porém fundamentalmente assentada na observação clínica, tal como fez Freud.
Minhas primeiras ferramentas como terapeuta de crianças foram os pressupostos kleinianos, a partir dos quais fui me instrumentando numa longa e trabalhosa construção técnica, fundindo proposições de muitos outros autores até chegar a meu próprio modelo, que defino como uma espécie de amálgama técnico. Acredito que uma riqueza de instrumentos e táticas seguramente nos torna mais aptos para nossa tarefa com nossos pacientes.
Anna Freud, uma das pioneiras em analisar crianças, percebia que elas não eram capazes de relatar informações confiáveis sobre a natureza de seus problemas. Por outro lado, ela
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