Solidões

Solidões
(Foto: Aziz Acharki/Unsplash)

 

Lugar de fala é o espaço dos leitores no site da Cult. Todo mês, artigos enviados por eles são publicados de acordo com um tema. O de agosto de 2020 é “solidão”.


Pouco mais de 13,8 bilhões de anos. A distância entre o agora que avança e o primeiro fogo. Já fomos sós um dia.

Hoje a nossa solidão é plural. Apenas a solidez do eu, da auto-importância é que engaiola o ser na primeira pessoa. Coisa singular.

Quando o olhar se volta para o espelho dobrável de dentro, uma faixa se fecha. Se pensa que nosso sofrimento é o maior do mundo — para não faltar, guardamos em cubas de gelo.

Estamos assim tão longe do calor infinitesimal do Big Bang? O que nos fez tão frios, chegando a nos levar à necessidade de não pensar que os que estão ao lado também sofrem em igual medida?

Em casa, refúgio da guerra biológica, escrevemos os sonhos de vitamina D, tomada na rua. As calçadas, passarela.

Sem vergonha, um desfile solo de muitos e muitas. Pouco mais de.

 

Breno Airan é poeta, músico e jornalista em Arapiraca, AL

 

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