Sexualidade: enigmática! Até mesmo traumática! Mas abusiva, não!

Sexualidade: enigmática! Até mesmo traumática! Mas abusiva, não!
Não há como esvaziar o elemento pulsional das relações sociais e das relações entre os sexos (Foto: WIN Initiative / Getty Images)
  A sexualidade é enigmática, comporta sempre algo de estrangeiro, de não sabido. Por isso mesmo, muitas vezes, o encontro com ela é traumático, e necessita um tempo de assimilação. No entanto, ela não é necessariamente abusiva; se chega a sê-lo, pode dar lugar a movimentos que expressam repúdio e indignação. Presenciamos alguns deles recentemente no Brasil, nos casos envolvendo o médium João de Deus e o médico Abdelmassih, bem como na Europa e nos EUA, com o produtor de cinema Weinstein. Mantidas algumas particularidades, creio que esses movimentos guardam pontos em comum; por isso, ao abordar as conquistas da hashtag #MeToo, espero trazer elementos que nos auxiliem na leitura de manifestações semelhantes. Os movimentos #MeToo e #BalanceTonPorc O movimento MeToo (Eu Também) nasceu nos EUA, em 2006, com uma ativista americana negra de 33 anos, Tarana Burke, que trabalhava com populações desfavorecidas. Depois de ter sobrevivido a três agressões sexuais, decidiu agir. Reuniu-se com 30 meninas dispostas a mudar essa situação; dessas, 20 relataram casos de agressões como as que ela sofrera. Ou seja, 20 mulheres disseram, pela primeira vez e em alto e bom som: Me Too. Foi uma surpresa: Burke esperava que apenas 5 ou 6 revelassem histórias como aquelas. Em vista disso, criou um espaço para que essas meninas e mulheres, irmanadas por terem sido sexualmente abusadas ou agredidas, jamais se sentissem sozinhas. Em outubro de 2017, o movimento criado por Burke ganhou alcance estratosférico com a acusação de assédio publicada no The

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