Seis discos essenciais de Ella Fitzgerald segundo o pesquisador Euclides Marques

Seis discos essenciais de Ella Fitzgerald segundo o pesquisador Euclides Marques
Ella Fitzgerald em 1970 (Foto: Michael Ochs Archives/Getty Images)

 

Quando o músico tem uma carreira tão extensa como a de Ella Fitzgerald – foram 59 anos em cima dos palcos -, pode ser difícil começar a ouvir seu trabalho. As canções são tantas que o ouvinte pode acabar perdido.

À pedido da Cult, o pesquisador Euclides Marques selecionou os discos que, em sua opinião, são essenciais para compreender a trajetória musical de Ella, nascida há 100 anos. Marques é curador do Vinilcultura, projeto que realiza eventos com o objetivo de popularizar a música em vinil.

Chick Webb with Ella Fitzgerald – Princess of the Savey (1936 – 1939)
“São as primeiras gravações de Ella e seus primeiros sucessos, que de cara arrebataram o público e a crítica. O engraçado é que, nesse começo, ela tentava imitar o estilo de outra cantora, Connee Boswel, de quem era fã desde pequena. Mas é claro que, mesmo sem querer, ela acabou desenvolvendo seu estilo próprio e marcante. Outro fato importante sobre o disco é que, certa vez, a jovem Ella, então com 17 anos, estava caminhando pela rua e ouviu suas músicas tocando em uma loja de discos. Emocionada, ela foi tentar entrar, mas acabou barrada por ser negra”, diz Marques.

Ella sings Gershwin (1950)
“É um disco lindo: Ella cantando as composições do pianista George Gershwin. O disco inteiro é só a voz de Ella acompanhada do piano do Ellis Larkins, um pianista incrível de jazz que faz algo muito difícil: harmoniza-se com a voz da cantora e jamais se sobrepõe a ela. Como este álbum é um dos primeiros, dá para perceber como a voz dela era mais encorpada na juventude do que mais tarde, na velhice, quando se tornou mais fina. Com a maioria das cantoras acontece justamente o contrário, a voz vai engrossando durante a vida”.

Ella and Louis (1956)
“Os dois grandes irmãos do jazz se encontram. Dois gênios do improviso. Na capa, vemos Ella muito verdadeira, tímida e reservada como sempre foi. Ao mesmo tempo, Armstrong está do jeito que o conhecemos: risonho e brincalhão. O LP, além de ter sessões de scat incríveis, é muito divertido, porque os dois são muito eles mesmos durante as canções – então acaba sendo um verdadeiro clássico. É incrível como tanto Armstrong quanto Ella, que sofreram tanto com o problema racial, conseguiam emitir tanta força, beleza e amor em suas músicas”

The Complete Ella Fitzgerald Songbooks (1956 -1964)
“Não é exatamente um disco, são oito. Mas não dá para falar de Ella Fitzgerald sem falar de seus songbooks, que eram as coletâneas da cantora interpretando grandes composições de artistas americanos. Os songbooks são verdadeiras lendas, nas quais Ella faz algo bem diferente do bebop, que vinha cantando até então”

The Complete Ella Fitzgerald Songbooks (1956 -1964) e Ella at Duke’s Place (1965)

Ella in Hollywood (1961)
“Foi gravado ao vivo em Hollywood, com umas 200 pessoas assistindo.  Aqui, Ella canta acompanhada de um trio de jazz liderado por Lou Lev, e estava no auge da carreira e da voz. É um desbunde de improvisação: algumas das faixas têm nove minutos de puro improviso dos instrumentos e, claro, de scat [técnica de canto criada por Louis Armstrong]”

Ella at Duke’s Place (1965)
“Outro encontro de gigantes: a maior voz do jazz e o maior band lider, da maior orquestra de jazz, na minha opinião e de muitos outros. Tem uma energia maravilhosa, memorável, até porque o lado um é romântico e traz músicas mais lentas, e o dois é mais dançante, o que dá um equilíbrio bem legal ao disco, e mostra que Ella era capaz de cantar o que quer que fosse sem colocar a perder sua qualidade vocal”


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