Privado: Ruptura no interior da modernidade

Privado: Ruptura no interior da modernidade
Rodnei Nascimento “Somos testemunhas oculares de uma ruptura no interior da modernidade, a qual se destaca dos contornos da sociedade industrial clássica e assume uma nova forma – a aqui denominada ‘sociedade (industrial) de risco’.” Essas palavras, com as quais Ulrich Beck anunciava a emergência de uma nova modernidade, poderiam soar, hoje, como a afirmação monótona de mais uma novidade histórica num mundo já saturado de transformações constantes e cada vez mais velozes. Mas, no momento da publicação do livro, em 1986, elas eram claramente provocativas. A ideia de uma ruptura histórica contrastava diretamente com o espírito daquela época que, lembremo-nos, era o do fim da história. No fim daqueles anos 1980 e no decorrer da década de 1990, o desmoronamento do mundo soviético, a hegemonia norte-americana, a imposição da sociedade de mercado e do neo-?liberalismo como pensamento único apontavam para um cenário no qual, de fato, parecia não haver nenhum espaço para uma mudança social significativa. A ousadia de U. Beck consistiu, então, justamente em não ceder às tendências da época e, voltando-se para os 20 anos anteriores do capitalismo europeu, identificar o surgimento de um novo tipo de sociedade que, aos poucos, ia nascendo do interior mesmo da sociedade industrial dos séculos 19 e 20. Com efeito, a chave principal para a compreensão do surgimento de uma sociedade de risco reside, segundo o autor, no reconhecimento de que tal sociedade não se opõe radicalmente à sociedade industrial, mas, ao contrário, é o resultado da con

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