Enquanto sustentamos o mundo, quem cuida de nós, mulheres?

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Enquanto sustentamos o mundo, quem cuida de nós, mulheres?
A cientista política, historiadora e ativista francesa Françoise Vergès, autora de Um feminismo decolonial (2019) (Anthony Francin/Divulgação)
  Somos mais de 100 milhões de mulheres no Brasil. Temos a maior expectativa de vida. Somos decisivas na política brasileira, já que somos o maior eleitorado. Assim, dá até para “cairmos na historinha” que contam por aí: “Hoje em dia a vida das mulheres é bem melhor”. Você já deve ter ouvido alguém dizer isso ou, até mesmo, olhado para a sua vida e se comparado a textos e filmes que narram a história das mulheres, agradecendo por vivermos em outros tempos. Vivemos, sim, novos tempos. Tempos de barbárie neoliberal que explora, manipula e seleciona os corpos a serem instrumentos, que, ao mesmo tempo, também são descartáveis e essenciais para a manutenção da ordem. É a superexploração da vida das mulheres que prepara o mundo, que faz com que muitas pessoas acreditem que seu esforço pessoal (ou mérito) é o que possibilita que estejam limpos o piso de sua casa, a sua privada, a mesa do seu escritório, o banheiro da academia, a prateleira do supermercado, entre outros. Françoise Vergès, autora de Um feminismo decolonial (2019), já nos anunciou essas formas de dependência da vida das mulheres – especialmente as mulheres negras –, visto que são as responsáveis pela incansável tarefa de limparem o mundo, trabalho indispensável e que permanece invisível. Mas e aí? A vida não tem sido melhor para as mulheres? Hoje não temos mais liberdade? Não podemos escolher? Não podemos nos autorrepresentar? Nossas vozes não são ouvidas e respeitadas? Poderia levantar mais umas mil perguntas, ciladas do capitalismo, que produz

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