Quarentena e tecnologia

Quarentena e tecnologia
(Reprodução)

 

Lugar de Fala é o espaço dos leitores no site da Cult. Todo mês, artigos enviados por eles são publicados de acordo com um tema. O de junho de 2020 é “quarentena”


Assim como o nome escolhido para adjetivar o isolamento social, nossas concepções a respeito de toda uma estrutura social que parecia, para alguns, tão sedimentada precisou ser ressignificada.

A quarentena não é mais 40 dias, a segurança e estabilidade econômica exaltada pelos neoliberais foi para o ralo, a ideia de que a ciência e a religiosidade estavam em perfeita harmonia e muitas outras concepções se desfizeram durante esse período. E muitas outras ainda se derreterão.

Mas a concepção mais atingida durante a quarentena foi a de que podemos nos virar sozinhos se tivermos um bom aparato tecnológico. Essa foi a primeira de tantas outras a se esvair.

A tecnologia não superará o convívio com  o outro, por mais caótica que essa convivência seja. Não há tecnologia que substitua o gosto da comida da mãe feita alguns instantes antes da hora do almoço. Nem a sensação do toque ao receber o abraço de um amigo. A tecnologia não conseguirá fazer com que sintamos a experiência única de passear nas areias das praias e sentir o sol, a brisa e tantas outras necessidades do humano. A tecnologia não conseguiu evitar que um vírus se espalhasse pelo mundo. Ao contrário, ela foi, em certa medida, seu aliado.

A quarentena desconstruiu muitas concepções, mas reafirmou muitas outras também. Esse momento nunca antes vivenciando por nossa geração reafirma o que nos é humano e o não o é também.

Priscila Mello Da Silva, 39 anos, é pedagoga, mãe, estudante eterna e humanista

 

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