Privação de liberdade e a pandemia da violência

Privação de liberdade e a pandemia da violência
Concentração do Blocolândia, no Centro de São Paulo, durante o Carnaval de 2018 Foto_Rovana-Rosa_Agencia-Brasil (Foto: Rovana Rosa)
  A população prisional no Brasil é a terceira maior do mundo e seu crescimento tem se revelado contínuo. Os dados do Sistema de Informações do Departamento Penitenciário Nacional (Sisdepen) revelam a existência de uma política de encarceramento em massa em todo o país. Em números absolutos, 755.274 pessoas encontravam-se em privação de liberdade no Brasil em 2019, o que representa um incremento de 8,1% da população prisional em comparação com os índices de 2015. O projeto de encarceramento em massa se torna ainda mais evidente quando observamos que, entre 2000 e 2019, o número de pessoas em situação de prisão cresceu 224%.   O encarceramento massivo e ascendente, além de constituir um reflexo do sistema de justiça criminal punitivo, é extremamente discricionário porque se estrutura na criminalização das relações sociais de grupos subalternizados da sociedade, como os jovens pobres e negros/negras.   Não por acaso, 45% da população em privação de liberdade no Brasil tem entre 18 e 29 anos e 67% são pessoas negras.     Diante desse contexto, é possível compreender a política de encarceramento em massa como uma estratégia da necropolítica que, promovida pelo Estado, constitui uma das formas contemporâneas de submissão da vida ao poder da morte. Nessa perspectiva, o aniquilamento físico ou social de grupos específicos de pessoas se dá por meio das estruturas de assujeitamento dos indivíduos a determinadas condições de vida. No caso da população prisional, a submissão cotidiana às viol

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