Presença de Zé Celso
José Celso Martinez Corrêa em “Bacantes”, 2016 (Foto: Bob Sousa)
Morto no último dia 6 de julho, José Celso Martinez Corrêa faz parte daquele grupo de artistas e pensadores cuja obra, ubíqua, sempre contrariou as disposições do tempo, seja retroagindo à aurora do teatro, para embriagar-se de seus eflúvios ritualísticos; seja precipitando-se rumo ao futuro, no qual ele também vislumbrava a unificação de todas as revoluções em favor do homem; seja ainda lançando-se com ímpeto e voragem à compreensão do aqui-agora, por meio de uma concepção do teatro, e da vida, que é pura presentificação.
Se Cacilda Becker – cuja atuação em Gata em teto de zinco quente, de Tennessee Williams, no TBC, tanto magnetizou o diretor – declarou que todos os teatros eram o seu teatro, passado um mês do trágico acidente doméstico que o vitimou, pode-se afirmar sem medo de mistificação que Zé Celso está em todos os espetáculos teatrais encenados no Brasil neste momento, advertindo com muito bom humor (como o grande momo heresiarca que era) aos que celeremente o julgaram morto que nunca sairá de cena.
A seguir, apresentamos algumas possibilidades de encontro com Zé Celso, que, ao lado de Heitor Villa-Lobos, Oswald de Andrade, Lina Bo Bardi, Darcy Ribeiro e Glauber Rocha – descolonizou a cultura brasileira, cultivando a terra e a floresta para desapropriá-las em benefício de todos. Muito antes de ser usada nos ambientes universitários, a palavra decolonialidade já havia sido incorporada pelo diretor, em permanente vigília para mudar o eixo das coisas.
A queda do céu
Desde fevereiro deste ano, Zé Celso v
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »