Poemas inéditos de Sylvia Plath são encontrados 54 anos depois de sua morte

Poemas inéditos de Sylvia Plath são encontrados 54 anos depois de sua morte
Sylvia Plath em Nova York, em junho de 1958 (Foto: Reprodução/Cortesia da Livraria Lilly, Universidade de Indiana, Bloomington, Indiana)

‘To a Refractory Santa Claus’ e ‘Megrims’ estavam escondidos em um caderno antigo junto com fotos nunca vistas e escritos de Ted Hughes, seu marido na época

 

Sylvia Plath parece estar viva. Em março, foram publicadas cartas trocadas pela escritora e sua analista, revelando um relacionamento abusivo e violento com o ex-marido, o poeta Ted Hughes. Ano que vem, estreia a adaptação cinematográfica de seu único romance, A Redoma de Vidro (1952). Mais recentemente, pesquisadores do Reino Unido encontraram dois poemas inéditos da autora e outros documentos nunca antes vistos.

Os textos, intitulados To a Refractory Santa Claus e Megrims (ambos ainda sem tradução para o português), ficaram escondidos por mais de cinquenta anos, e foram encontrados quando os acadêmicos Gail Crowther e Peter K. Steinberg, especializados na obra da poeta, estavam organizando manuscritos antigos de Plath para a publicação de um novo livro.

Datilografados em papéis carbono, os poemas estavam cuidadosamente guardados dentro de um dos inúmeros cadernos da autora, mas maltratados pelo tempo. A certeza de que os escritos pertenciam a ela veio quando os pesquisadores notaram que eles levavam sua marca d’água, o desenho de uma mulher olhando o próprio reflexo. “Senti um choque quando encontramos os manuscritos. Na hora, percebi que fui a primeira pessoa em pelo menos quarenta anos a ter acesso a aqueles documentos”, disse Steinberg ao Guardian.

O primeiro texto, To a Refractory Santa Claus, foi escrito logo que Plath e Hughes voltaram de lua de mel na Espanha. Ele trata do país e da diferença do clima local em relação ao inglês – tema para o qual a poeta voltou em outras obras, como Fiesta Melons e Alicante Lullaby, da mesma época. O segundo poema, Melgrims, foi mais difícil de decifrar, segundo os pesquisadores – que utilizaram técnicas digitais na tarefa. Maior e menos óbvio, o texto retrata um eu lírico paranoico que fala com um médico sobre uma série de acontecimentos estranhos, como uma aranha encontrada em um café, e o ataque de uma coruja.

Sylvia Plath e o marido, Ted Hughes, em Nova York, em junho de 1958 (Foto: Reprodução/Cortesia da Livraria Lilly, Universidade de Indiana, Bloomington, Indiana)

No mesmo papel carbono em que Plath escreveu os poemas, foi encontrado um índice de uma das publicações mais famosas de Hughes, The Hawk in the Rain (1957). Organizado e datilografado pela própria Plath, o índice incluía dois de seus poemas, que não chegaram a ser publicados na coletânea: The Shrike e Natural History.

Além dos manuscritos, os cadernos guardavam também fotos nunca vistas de Plath e Hughes, assim como alguns poemas do poeta, expressando sua perturbação depois da morte de Plath por suicídio, em 1963. Os versos de Hughes teriam sido escritos para sua última coleção, Birthday Letters (1998), na qual ele quebrou o silêncio sobre o relacionamento conturbado dos dois.

Para os estudiosos que descobriram o “tesouro literário”, como apelidaram os documentos, os escritos de Plath não chegam aos pés dos poemas mais maduros da autora, mas têm “descrições espetaculares” e dão uma boa noção do início de sua carreira e até do que viria a seguir. Os inéditos e todas as outras descobertas foram publicadas no livro These Ghostly Archives, lançado nesta semana no Reino Unido – ainda sem previsão de chegada no Brasil.

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