Um poema para meu pai
(Arte Revista CULT)
Por Sidneia Simões
José
Meu pai era José
todo pai é José
carpinteiro ou peão
Que Deus me perdoe
se, ao pensar no santo,
mais me vem o outro
Que me perdoe o Eterno
ainda mais e tanto
vez que este é antes
Este, carne e osso
mãos grossas
afago rouco
Do canivete afiado
lápis ponta de agulha
em caderno de criança
luxo, puro mimo
Este, da fruta madura
da carne frita torrada
da gema mole entornada
Do caso assombrado
onça pintada
cavalo empacado
bicho encarnado
Este, de dose em dose
de vida e pinga
se frio, esquenta
calor, esfria
Que Ele não castigue
pai filhos e filhas
em pás e trilhas
Porque amar é mais
e antes
Sidneia Simões, é jornalista, escritora e atriz em Belo Horizonte (MG)
(1) Comentário
lindo demais!