Outras cenas de enfrentamento, ontem e hoje
Paulo Bacellar (Paulete), Dzi Croquettes, 1974 (Foto Madalena Schwartz / Acervo IMS / Divulgação)
Este texto, escrito a seis mãos, elenca traços que unificam as estéticas do Teatro Oficina, do Dzi Croquettes e da companhia ATeliê voadOR, cada qual em seu tempo, e mostra como a cena teatral contemporânea queer se contrapõe a uma sociedade que continua desumana e intolerante para com quem resiste às normas, borra fronteiras e é diferente. Como o queer alimenta a cena contemporânea de enfrentamento?
A discussão sobre o que estamos chamando de artivismo, além de polêmica, não chega a ser unanimidade entre artistas que utilizam a arte como protesto e tampouco nos meios acadêmicos. André Mesquita, na dissertação “Insurgências poéticas: arte ativista e ação coletiva (1990-2000)”, ao falar sobre a arte de coletivos no Brasil e no exterior, demonstrou como o termo, surgido pela primeira vez em reportagem da Folha de S.Paulo, em 2003, desagradou alguns coletivos que o achavam redutor.
Usamos a expressão “artivismo” para tratar de artistas que usam a arte de maneira combativa, com fins políticos. Especificamente falando do queer, notamos que no Brasil e na América Latina ele vai além das questões de gênero e sexualidade, marcando lutas sociais contra a normatização em geral, em oposição ao fascismo do Estado neoliberal com sua biopolítica e na ênfase de diversas propostas que têm, em sua base, uma posição combativa ante à colonialidade – ou seja, aos efeitos permanentes da colonização expressos não apenas nas relações de poder estruturais ao longo desses séculos, mas também no inconsciente capitalísti
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